Foto: Marianna Oliveira/Agência Câmara
A Câmara realizou nesta terça-feira (31) sessão solene em homenagem à Campanha da Fraternidade do ano de 2015, que tem como tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema: “Eu vim para servir”. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ), um dos autores da iniciativa, elogiou o hábito que a Igreja Católica tem de, durante a Quaresma, todos os anos, propor algum tema de interesse da sociedade brasileira. Molon explicou que é sempre um tema social para ver de que maneira a Igreja Católica pode contribuir para a solução desse problema ou para o aperfeiçoamento do convívio social no nosso País.
Alessandro Molon lembrou dezenas de temas que já foram objeto da Campanha da Fraternidade, como o dos encarcerados; do trabalho escravo; da saúde, da juventude; da assistência social. “Neste ano, temos um tema especialmente importante, que é Fraternidade: Igreja e Sociedade. No fundo, é a Igreja se perguntando de que maneira pode servir melhor à sociedade”. E acrescentou: “nós estamos aqui para servir, para diminuir o sofrimento humano”.
O deputado Molon aproveitou ainda a presença de representantes da Igreja Católica para agradecer ao Papa Francisco o belíssimo testemunho que tem dado. “Esse homem tem conquistado o mundo, os cristãos e os não cristãos, porque se coloca como um ser humano a serviço da humanidade. O Papa Francisco tem sido o grande exemplo para todos aqueles que querem superar os preconceitos e a discriminação, daqueles que querem incluir a todos, que querem, em respeito à dignidade de todos, garantir uma humanidade que seja uma verdadeira família para cada um dos seus membros”.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), também autora da homenagem, enfatizou que pela temática que traz, a Campanha da Fraternidade foi “uma luz que acolheu o conjunto dos nossos corações”, quando se iniciou ainda em 1964, e que nos traz as palavras de tantos mestres da vida, tantos mestres do amor. “Aqui realço um deles: Dom Helder Câmara, que esteve no lançamento da I Campanha da Fraternidade, ensinou-nos como devemos perseguir uma sociedade mergulhada numa cultura de paz que só é possível com o respeito e com o amor, como nós devemos perseguir uma sociedade com cultura de paz que pressupõe que nós possamos ver a humanidade de cada ser humano, que muitas vezes é negada e invisibilizada”.
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), destacou que a publicação da Campanha da Fraternidade diz que quando se faz a caridade, está-se dando um pouco de si para o outro, “mas a matéria que nós escolhemos trabalhar na política tem o propósito de superar não o sentimento, mas a necessidade da caridade, porque o sentimento maior do ser humano é a solidariedade. E, quando qualquer ser humano é impulsionado pela solidariedade, ele escolhe caminhos. Na política, nós queremos superar a caridade. Repito, não é o sentimento de bem-estar do próximo, mas é para que cada ser humano não dependa de quem quer que seja na forma de caridade”, frisou.
Chinaglia destacou também o grande papel que a Igreja Católica teve na luta pela redemocratização do País. “Então, nessa conquista, através da formação cotidiana, da formação política, da formação ética e da formação de valores, nós trabalhamos com a constatação, com a convicção de que a Igreja Católica, não só através das campanhas da fraternidade, mas incluindo-as, tem um grande papel”.
O deputado Caetano (PT-BA) lembrou a sua forte relação com a Igreja Católica em Camaçari, onde foi prefeito por três vezes. “Quero aqui destacar a importância desta Campanha da Fraternidade, do lema ‘Eu vim para servir’, da relação com as instituições, com a sociedade, num momento tão difícil, não só no Brasil, mas também no mundo inteiro”. E defendeu: “Nós precisamos, cada vez mais, estar junto com a Igreja, não só pelo trabalho espiritual, mas ainda pelo importante trabalho social que faz com as diversas comunidades, principalmente com as comunidades mais carentes”.
O deputado Vicentinho (PT-SP) lembrou que a Campanha da Fraternidade também tem um caráter inter-religioso, de acolher as outras religiões, a parceria. “A campanha também reflete, na minha opinião, o pensamento do Papa Francisco: a opção preferencial pelos pobres, papel da Igreja, mas também o nosso papel enquanto cristão. Estamos aqui para representar o nosso povo. Nós não somos autoridade sobre o povo; o povo é que é autoridade sobre nós, e devemos agir de acordo com o anseio e consentimento do nosso povo”, afirmou.
O deputado Padre João (PT-MG) fez um apelo a toda sociedade brasileira para que possa ouvir mais o profetismo da Igreja Católica, acompanhar tanto o anúncio da Igreja, como também as denúncias que a Igreja faz. “Se o povo brasileiro, se este Parlamento levasse mais a sério os temas das Campanhas da Fraternidade, talvez, hoje, neste ano, nós não estivéssemos vivendo uma crise hídrica, porque um dos temas mais importantes foi Água, fonte de vida. Às vezes, as pessoas só começam a refletir quando sentem a falta de algo ou quando são tocados na sua própria vida”, lamentou.
Vânia Rodrigues