Indígenas brasileiros terão finalmente uma instituição de ensino superior votada exclusivamente às suas demandas. O anúncio foi feito na última quarta-feira (10), durante audiência pública na Comissão de Educação da Câmara, pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Ele informou que o ministério está comprometido com a criação da primeira universidade indígena brasileira.
Mercadante não fixou prazo e nem revelou detalhes da instituição, mas destacou que ela será estruturada com base na cultura e nos conhecimentos indígenas. A sede da universidade, adiantou o ministro, será o município São Gabriel da Cachoeira, situado no noroeste do estado do Amazonas, em região fronteiriça com a Colômbia e a Venezuela.
Para o deputado Francisco Praciano (PT-AM), a criação da universidade indígena representa uma grande conquista para os povos indígenas e para todos aqueles que defendem as populações tradicionais. “Essa é uma demanda antiga, e o anúncio do ministro Mercadante é mais uma ação coerente com a trajetória dos dois mandatos do ex-presidente Lula, que também expressou essa ideia, e do governo Dilma Rousseff. Temos cerca de 200 etnias indígenas com uma população aproximada de 200 mil pessoas no Amazonas, e a universidade indígena será um poderoso instrumento para que possamos preservar e promover o conhecimento indígena”, disse Praciano.
Na opinião do presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, deputado Padre Ton (PT-RO), a iniciativa é muito importante para o Brasil como um todo. “Já estávamos em tempo de criar a universidade indígena. O ex-presidente Lula criou a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), voltada, sobretudo, a estudantes negros, e agora a presidenta Dilma vai criar a universidade indígena, que será importantíssima para socializar as línguas, as expressões culturais, o conhecimento advindo do convívio com a natureza, além de contribuir para melhorar ainda mais as relações do Brasil com os povos latino-americanos”, argumentou Padre Ton.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) foi outro a comemorar a novidade. “Será uma instituição que, mais do que valorizar o conhecimento dos povos indígenas, vai ajudar a integrar uma cultura milenar e riquíssima, dos nossos povos tradicionais à cultura mais recente da sociedade brasileira. E ela ganhará ainda mais destaque por se situar em São Gabriel da Cachoeira, numa região onde vivem algumas das nações mais antigas e importantes do nosso território”, afirmou Teixeira, que contribui com projetos de desenvolvimento em São Gabriel da Cachoeira.
Rogério Tomaz Jr.