Parlamentares do PT, economistas e sindicalistas reuniram-se virtualmente nesta sexta-feira (7) para organizar o lançamento da campanha nacional #PetrobrasFica. Coordenada nacionalmente pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, presidida pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), a campanha tem como objetivo evitar a privatização fatiada da empresa, conforme vem sendo defendida pelo governo Bolsonaro. Umas das primeiras missões da campanha #PetrobrasFica é evitar a já anunciada venda de oito refinarias, dutos e terminais da empresa e de sua subsidiaria de distribuição de gás natural, a Gaspetro.
“O momento da campanha é agora. Estão tentando privatizar a Petrobras em plena pandemia, vendendo as refinarias e a Gaspetro. Temos que defender o papel da Petrobras de servir ao País no abastecimento interno, e essa opção não começou agora, vem desde o governo de Getúlio Vargas, passando por governo liberais, militares, e até de esquerda”, afirmou Jean Paul. Segundo o senador, “o plano de privatizar a estatal em fatias não visa garantir o abastecimento ou novos investimentos, como dizem, mas apenas aumentar a distribuição de lucros aos acionistas, invertendo a lógica da empresa de servir ao país e aos consumidores”.
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PT-PR), hipotecou o apoio dos 54 parlamentares do partido à campanha. Ele observou que a sociedade brasileira precisa ser alertada de que defender a Petrobras é defender o desenvolvimento econômico e social do País.
“Não podemos perder tempo. Temos que denunciar esse esquartejamento da Petrobras, mas temos que reconhecer que essa privatização é apenas parte do projeto do governo Bolsonaro de destruição da nação brasileira. Devemos defender a Petrobras não apenas por conta da empresa, mas pelo seu papel determinante na soberania nacional e na redução das desigualdades sociais e regionais”, afirmou.
Durante a reunião, o professor-doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Pinto, detalhou um estudo idealizado por ele sobre o contexto do processo de privatização fatiada da Petrobras, defendido pelo governo Bolsonaro. Ele criticou especialmente o acelerado processo de venda da infraestrutura da estatal ligada ao refino do petróleo.
“Nem o mais ferrenho liberal concorda com a forma acelerada que vem sendo tocada a venda das refinarias da Petrobras, em plena pandemia. Ao propor a privatização das refinarias, em um acordo feito com o Cade, mas sem nenhum tipo de regulação e sem estratégia de abastecimento, o País vai apenas trocar um monopólio público, que tem responsabilidade em regular o setor e atender a sociedade, para um monopólio privado que visa apenas o lucro”, explicou.
De acordo com o professor da UFRJ, a consequência dessa privatização será “o aumento descontrolado dos preços dos combustíveis e seus derivados, e um provável desabastecimento do mercado interno por conta da falta de coordenação do setor e de investimentos que hoje são realizados pela Petrobras”.
Ele alertou ainda que, junto com as refinarias, o governo Bolsonaro estará vendendo a exploração de todo um mercado regional no setor de combustíveis e derivados. “Estão querendo privatizar toda uma estrutura de mercados regionais inteiros. Estão privatizando na verdade o mercado. Esse é o perigo, criar monopólios privados que fatalmente vão gerar aumentos descontrolados de preços, e possíveis desabastecimentos, por conta da falta de concorrência e de novos investimentos”, esclareceu.
Tudo neste governo é fake
O deputado Bohn Gass (PT-RS) disse que as conclusões do estudo do professor da UFRJ devem ser levadas ao conhecimento de toda a sociedade, para que os riscos envolvendo a privatização da Petrobras possam ser avaliados pela população.
“Tudo neste governo é fake. Eles dizem que a privatização vai diminuir preço, dar mais eficiência, atrair investidores, e sabemos que tudo isso é falso. Porém, essa lorota é dita em todas as reformas feitas até hoje, e não trouxeram empregos, nem investimento, muito menos concorrência. Por isso temos que divulgar essas informações”, observou.
Ao manifestar apoio a campanha, o deputado Rogerio Correia (PT-MG) lembrou ainda que a privatização da Petrobras faz parte da estratégia do governo Bolsonaro de tentar convencer a população de que a venda do patrimônio público é a solução para o País.
“Esse movimento pode ser entendido dentro do contexto onde o governo se nega a aprovar uma Reforma Tributária sobre os mais ricos, preferindo apenas unificar impostos, mantendo a falsa ideia de que houve algum avanço. Essa é a ideia por trás das tais reformas que esse governo propõe, seja a administrativa, trabalhista e agora com a privataria, que tem como único objetivo conseguir algum recurso para o mercado financeiro”, ressaltou.
#PetrobrasFica
Sobre a campanha, o representante da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Eduardo Henrique, disse que a principal missão é mobilizar a sociedade para evitar a privatização da Petrobras.
“Precisamos ganhar a sociedade, constranger governadores que poderão ter em suas regiões milhares de desempregados, e unificar os petroleiros. E essa mobilização tem que ser constante, enquanto tivermos esse governo a Petrobras corre risco”, afirmou.
Na mesma linha, a deputada Natália Bonavides (PT-RN) defendeu que a estratégia de mobilização a ser adotada deveria ser a mesma utilizada pelo setor cultural para aprovar a Lei de Apoio à Cultura durante a pandemia, conhecida como Lei Aldir Blanc (Lei 14.017/2020), proposta pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ) na Câmara.
“Temos que fazer um trabalho de mobilização semelhante ao processo que culminou com a aprovação da Lei Aldir Blanc, que realizou reuniões em todos os estados e em muitos municípios do País, não apenas com os beneficiados diretamente pela proposta, mas também com toda a sociedade. Temos que fazer esse trabalho de formiguinha, em todos os municípios. Estamos juntos nessa luta, em defesa da Petrobras, da soberania nacional e dos direitos do povo, e contra esse governo genocida”, destacou.
Héber Carvalho