Petistas desmentem ex-diretor da PRF em CPMI do Golpe

CPMI do Golpe ouviu o ex-diretor da PRF. Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado

Os deputados petistas Rogério Correia (MG) e Rubens Pereira Jr. (MA) acusaram o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques de ter mentido durante depoimento da CPMI do Golpe, nesta terça-feira (20). O bolsonarista se contradisse sobre os processos administrativos e penais que está respondendo no âmbito da PRF e sobre as operações de policiais do órgão no Nordeste durante o segundo turno das eleições, no ano passado.

Vasques é investigado em um inquérito da Polícia Federal que apura se houve prevaricação na atuação da PRF durante o bloqueio de rodovias feito por bolsonaristas e se houve violência política nas fiscalizações de veículos promovidas pela corporação durante o segundo turno das eleições de 2022, em especial no Nordeste. Ele também é investigado por pedir voto ao então candidato à reeleição Jair Bolsonaro enquanto era diretor-geral da PRF. A relatora da CPMI do Golpe, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou o ex-diretor se ele respondia a processos no âmbito da PRF. O ex-diretor da PRF negou que respondesse a processos.

Deputado Rogério Correia. Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado

O deputado Rogério Correia desmentiu Vasques e relacionou uma série de processos que o ex-diretor responde. “Ele é réu exatamente pela atuação que teve de pedir votos [para Bolsonaro] e também sobre a questão do segundo turno, quando não obedeceu às ordens no sentido de fazer paralisar o processo que a Polícia Rodoviária Federal fazia, bloqueando eleitores. Então, ele é réu nesse processo. Existe, sim, processo administrativo e está em fase final. Isto é dado, que não é sigiloso, da própria PRF. E poderá até perder a aposentadoria se, ao final das contas, for culpado. Então, é réu e tem processo administrativo. Ele não respondeu corretamente à senadora Eliziane. Nesse sentido, ele ficou tergiversando. Por isso, ela insistiu na pergunta. Mas botemos os pingos nos “is”: é réu na Justiça Federal e tem processo administrativo em fase final na Polícia Rodoviária Federal”, destacou Rogério Correia.

Operações no segundo turno

Silvinei Vasques também negou que a fiscalização de veículos no Nordeste durante o segundo turno das eleições, região do País que mais registrou bloqueios rodoviários, tivessem o objetivo de impedir que eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva chegassem aos locais de votação. Segundo ele, as operações foram focadas no Nordeste porque a região possui a maior frota de ônibus do Brasil.

Segundo dados do Ministério da Justiça, no dia 30 de outubro, no Nordeste, foram fiscalizados 2.185 ônibus e 48 foram retidos. Enquanto no Sudeste 571 foram fiscalizados e 9 retidos. “Houve um direcionamento claro – os números dizem isso – em relação às ações de bloqueio. E é óbvio: era no Nordeste que tinha a concentração maior de eleitores do presidente Lula. Então, essa denúncia está embasada em dados reais”, observou o deputado Rogério Correia.

Para o deputado Rubens Pereira Jr. a PRF foi a mais influenciada pelo bolsonarismo. “Infelizmente a Polícia Rodoviária Federal foi a instituição que mais sucumbiu ao bolsonarismo. Isso ficou marcado, especialmente, pelas ações do dia do segundo turno da eleição e pelas omissões que aconteceram a partir da segunda-feira após a proclamação do resultado. Polícia Rodoviária Federal essa, liderada pelo senhor Silvinei Vasques e orientada pelo então ministro da Justiça Anderson Torres”.

Deputado Rubens Pereira Jr. Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado

Bloqueio de estradas

Após o resultado das eleições, eleitores bolsonaristas bloquearam diversas estradas pelo Brasil. Os parlamentares também questionaram o porquê que a PRF não desmobilizou essas manifestações, se até uma torcida organizada conseguiu fazê-lo. “A Galoucura saiu de Belo Horizonte, foi até São Paulo com ônibus, não trocou um tapa e retirou de lá pneus, não trocaram um tapa. O que tinha lá eram pneus e fingimento do que estava na estrada, e a Polícia Rodoviária Federal não tinha condições de tirar de lá? Não é possível que uma torcida consiga fazer isso e a Polícia Rodoviária não consiga”, apontou o deputado mineiro Rogério Correia.

Segundo Vasques foi o maior fechamento de estradas do mundo, mais de 1,3 mil pontos, e que a PRF fez todo o esforço possível para retirar os manifestantes das rodovias brasileiras.

Para Rubens Pereira Jr. nesse dia se iniciou a tentativa de golpe contra a democracia brasileira que culminou no dia 8 de janeiro. “Ali se iniciou o golpe do dia 8 de janeiro, ali era para ter sido cortado o mal pela raiz, ali era para ter sido feita a desobstrução de todas as BRs e coibido esse movimento antidemocrático. Não foi feito e causou o que causou. Chegaram a dizer: ‘foram pacíficos esses fechamentos de estrada’, não foram, pelo contrário, teve corpo mole por parte da PRF, infelizmente”.

Pedido de voto

O líder do PT no Senado, senador Fabiano Contarato (ES), rebateu a afirmação de Vasques de que não teria feito nada de errado ao pedir voto em Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, enquanto ainda chefe da corporação – uma instituição de Estado. Vasques alegou ter feito uma postagem nas redes sociais pedindo voto em Bolsonaro, no dia 29 de outubro, durante momento de folga. No entanto, na época, ele exercia o cargo de direção na PRF.

“Um diretor da instituição não age com o seu CPF, mesmo no sábado, mesmo no domingo ou feriado – porque, assim como o senhor é policial, eu também sou. Temos por obrigação legal, sob pena de incorrer no crime de prevaricação, (de agir) inclusive nos momentos de folga”, argumenta Contarato.

Líder Contarato. Foto: Lula Marques/Arquivo

O parlamentar destacou que Silvinei atentou contra os princípios da administração pública ao compartilhar o pedido de voto em Bolsonaro durante as eleições de 2022. Para o líder do PT, o então diretor cometeu ato de improbidade administrativa, que é ação ou omissão que viola os deveres da honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.

“O senhor ocupava um cargo de diretor de uma instituição de Estado. A instituição é de Estado, não é do governo de plantão. O senhor violou, sim, o princípio da moralidade. O senhor violou, sim, o princípio da legalidade”, reforçou.

Silvinei chegou a apagar a postagem tempos depois. Ao responder o senador Fabiano Contarato sobre o tema, disse que o fez por “questão da mídia” (imprensa), que o pressionava a respeito.

Ele foi a primeira testemunha ouvida pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os ataques democráticos contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

 

Lorena Vale com PT no Senado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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