Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna do Congresso nesta terça-feira (3) para denunciar a ausência de políticas sociais que está trazendo a pobreza de volta ao País e também para repudiar as manifestações convocadas contra a Câmara e o Senado, inclusive com o apoio do presidente Bolsonaro. “A economia brasileira está cada vez mais no chão; o neoliberalismo, aplicado há quatro anos neste País, desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma, dá resultados cada vez piores: mais desemprego, mais desigualdade, baixos salários, precarização dos empregos que sobram. Ou seja, a desigualdade aumenta”, afirmou o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Fontana avaliou que é esse cenário que leva o presidente Bolsonaro a apoiar a “aventura golpista de dizer que o Congresso é o culpado pelos problemas dele e de não querer deixá-lo trabalhar”. O deputado relembra que o então deputado Bolsonaro votou a favor do orçamento impositivo – o estopim para a convocação de atos contra o Congresso – aqui, nesta Casa, quando Dilma era presidente do País.
“Eu tenho críticas ao orçamento impositivo, eu as faço desta tribuna. Entendo, sim, que o Executivo tem que ter incidência no orçamento. Mas o que está em jogo neste momento é que Bolsonaro quer apostar na linha do golpe, na linha do quanto pior melhor, na linha daquele que não tem política econômica, que não respeita a democracia e, mais do que isto, quer desviar a opinião pública da temática Família Bolsonaro, Jair Bolsonaro e sua relação com as milícias e com o crime organizado”, denunciou Fontana.
Ilusionismo
O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que Bolsonaro é um presidente com poucas qualidades intelectuais. “Também tem um linguajar de miliciano. Enfim, não é uma pessoa que se apresenta com qualidade intelectual capaz de dirigir o Brasil. Mas, até por causa disso, ele tem se dedicado a uma certa prática de ilusionismo: mostra a mão aqui, mas, na verdade, está mexendo com a mão em outro lugar. Isso é a prática que Bolsonaro infelizmente tem feito no Brasil, para enganar o povo. Então, todo dia há um bate-boca diferente, uma baixaria. Esse é o Bolsonaro. Alguns acham bonito, e ele desvia o assunto”, citou.
Agora, segundo Rogério Correia, Bolsonaro está desviando o assunto dizendo que o Congresso é culpado pelos males do Brasil. “Ora, o Congresso tem votado o que o Bolsonaro quer. Infelizmente, votou a favor da Reforma da Previdência e está dizendo que vai votar a favor da Reforma Administrativa. Então, é ilusionismo dele dizer que a responsabilidade é do Congresso”, reforçou. O deputado alertou ainda que Bolsonaro tem que resolver o problema da ligação dele com as milícias. “Mas, fundamentalmente, há algo agora que o Bolsonaro quer esconder, que é a economia no Brasil. O governo Bolsonaro não vai dar errado na economia, não. Já deu”, lamentou.
Rogério Correia destacou que desde janeiro de 2019, a renda média no Brasil não cresce. A renda média é de R$ 2.300,00. O benefício do INSS está congelado desde 2017. O salário mínimo está congelado desde 2017. “Não há renda para consumir, o Brasil não vai crescer com essa política econômica equivocada do governo Bolsonaro, vai piorar. O rombo externo, que era de US$ 50 bilhões em 2019, está se agravando em 2020. Pior ainda: houve uma queda na indústria de 1,1% em 2019, com tendência de piorar. Os estrangeiros tiraram daqui US$ 44 bilhões, a pior queda e retirada de recursos estrangeiros em 38 anos no Brasil”, enumerou.
Portanto, concluiu Correia, “precisamos reagir”. Ele convidada a todos para no dia 18 de março ir às ruas para dizer não ao governo Bolsonaro e a essa sua política econômica desastrosa que trouxe a fome de volta ao País.
Ruim na hora de governar
Na mesma linha, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) afirma que a cada momento que passa, fica mais evidente que Bolsonaro “é mestre na arte da distração, na arte de confundir, na arte de polemizar e é muito ruim na hora de governar”. Para o deputado, Bolsonaro é péssimo quando nós paramos e pensamos naquilo que é importante: entregar serviços e resultados para o povo, por exemplo, na educação; entregar avanços na área da saúde; entregar soluções. “Porque é evidente, cada vez mais e é cruel, o aumento da pobreza, o aumento da miséria, a dificuldade de vida que tem hoje a grande maioria da população brasileira. Mas, na hora de polemizar e na hora de distrair, ele é craque”, lamentou.
Para Zeca Dirceu, é preciso alertar a população brasileira sobre isso e cabe ao Congresso Nacional não se deixar levar pelas polêmicas, pelas confusões e por esta arte de distrair que Bolsonaro e muitos integrantes do governo só usam porque não conseguem explicar o inexplicável: “o Brasil não tem rumo, o País está retrocedendo, a vida está cada vez mais difícil. E falta Governo, falta decisão, falta estabilidade, falta o mínimo de equilíbrio e de serenidade”. O deputado conclui defendendo a aprovação de uma Reforma Tributária. “Este tema, sim, se aprovado aqui por esta Casa, muda a vida do povo brasileiro, dá condição de investimento para o País, dá condição de equilíbrio fiscal para o nosso País, e faz principalmente justiça social! Está na hora de os ricos contribuírem mais, por exemplo, com a educação e com a saúde”, defendeu.
Os deputados Alencar Santana Braga (PT-SP), Erika Kokay (PT-DF), Frei Anastácio (PT-PB), Paulo Teixeira (PT-SP), Padre João (PT-MG), Rui Falcão (PT-SP) e Valmir Assunção (PT-BA) também repudiaram a política econômica do governo Bolsonaro, que deixa cerca de 1 milhão de pessoas na fila do Bolsa Família e cerca de 2 milhões na fila do INSS para receberem o seu benefício de aposentadoria ou o seguro. Eles também criticaram a convocação de atos contra o Congresso Nacional e a democracia.
Vânia Rodrigues
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