Deputados da Bancada do PT usaram a tribuna da Câmara nesta terça-feira (26) para acusar o presidente Bolsonaro de usar o indulto da graça concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para ampliar a anarquia e esconder o caos que vive o País com o seu desgoverno. Na avaliação do deputado Henrique Fontana (PT-RS), o que Bolsonaro está fazendo com este País é algo absolutamente grave. “Ele aposta na anarquia, no conflito, no desrespeito às leis, na rede do ódio quando ataca uma decisão, o 10 x 1. Bolsonaro não sabe conviver com quem pensa de forma diferente, não sabe respeitar um julgamento, não sabe respeitar uma eleição disputada sem fake news”, acusou.
Para Fontana, é isso que está em jogo aqui quando ele (Bolsonaro) quer desmoralizar o Judiciário brasileiro, quando ele quer desmoralizar a democracia brasileira, quando ele quer preservar essa anarquia que leva o País ao caos econômico e não apresenta solução para nada”, reforçou.
Fontana sugeriu, inclusive que todos os brasileiros ouçam novamente o vídeo “criminoso” que foi gravado por Daniel Silveira e que de forma “justa e legal” o condenou. “Eu vou repetir só duas frases porque não posso gastar todo o meu tempo para repetir os crimes que esse deputado cometeu: ‘Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia’, se referindo a todos os ministros do Supremo. Ele chama o ministro [Edson] Fachin de moleque, mau caráter, marginal da lei: ‘Você integra a nata da bosta do STF’. Ele chama o ministro Alexandre de Moraes de idiota e afirma que ‘não faz parte dessa bosta da gangue que tu integra’. Isso é crime de incitação à desordem, isso é quebra de decoro parlamentar. Esta Casa já deveria ter cassado o mandato de Daniel Silveira”, frisou.
O deputado enfatizou que Bolsonaro assinou o indulto de caso pensado para proteger um aliado e para proteger a si mesmo, “porque ele quer manter esse ambiente de anarquia, esse ambiente de desordem, esse ambiente de conflito permanente entre os Poderes”, o deputado acrescentou que Bolsonaro desse conflito, desses ataques e precisa também, além de outras questões, desviar o foco da atenção de parte da população brasileira porque não quer debater a inflação, não quer debater o desemprego.
“É um governo que trabalha o conflito permanente, é o governo da briga, da anarquia institucional, é o governo que, ao anarquizar o País, leva a economia brasileira para a breca, leva à volta da fome ao povo brasileiro. Essa anarquia conduzida por Bolsonaro quer colocar em conflito os Poderes, quer proteger os seus aliados, quer, como se diz, dar um falso conduto para que esses aliados façam o que bem entendem, desrespeitem a democracia. Isso não pode continuar!”, afirmou.
Imagens para redes sociais
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) destacou que o que se vê em plenário é uma fila de deputados bolsonaristas querendo fazer imagens para o Twitter, imagens para o Facebook, para as redes sociais defendendo o deputado Daniel Silveira, que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal. “Mas ninguém vem aqui debater um assunto central da vida do povo. A inflação do mês de março foi de 1,62%, a maior marca no mês de março dos últimos 28 anos. Já se acumulou 11,30% de inflação nos últimos 12 meses. Isso representa um aumento do custo de vida na mesa do brasileiro de mais de 30% nos últimos 12 meses”, criticou.
Zarattini citou pesquisa que revela que 73% dos consumidores deixaram de comprar carne, “ou seja, a maioria do povo brasileiro já não pode comer carne. Por quê? Porque este governo está levando o País à bancarrota. Este governo está permitindo que a inflação corroa o já baixo poder aquisitivo do povo brasileiro. Nada faz para reduzir o desemprego! Nada faz para evitar o aumento do custo de vida! Este governo não toma uma única medida para reduzir o preço dos combustíveis, para controlar o preço da carne e dos produtos essenciais”, denunciou.
Sem explicação
Na mesma linha, o deputado Joseildo Ramos (PT-BA) disse que é interessante ouvirmos o que o bolsonarismo fala nesta Casa. “Não vejo qualquer explicação no ato de intermediação — aliás, de lobby — de pastores, pedindo ouro para poder repassar verba do MEC para os municípios. Não se explica! Também não se explica o gabinete do ódio funcionando de maneira paralela ao gabinete presidencial no Palácio do Planalto. Temos um vereador que é um vereador nacional, o único do País, que foi eleito no Rio e funciona como vereador, participando das decisões de um governo, extremamente criativo, permissivo. Não se explica!”, protestou.
Joseildo enfatizou que não se explica também a graça — porque é individual — “defendida, outorgada pelo presidente para alguém que aplaude o Al-5 e fica reclamando imunidade parlamentar. Esta é uma extrema contradição, que demonstra a falta de conteúdo de algumas figuras que agridem a democracia o tempo todo. Não se explica!”, desabafou.
Vânia Rodrigues