Parlamentares da Bancada do PT querem que Ricardo Salles seja demitido do cargo de ministro do Meio Ambiente por tentar destruir a legislação ambiental. Na última segunda-feira (6), 12 Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) pediram o afastamento do então ministro por Improbidade Administrativa. Os procuradores entendem que Salles atua com o objetivo de destruir a política ambiental do Brasil e a permanência no cargo pode trazer “consequências trágicas”.
“O ministro Ricardo Salles nunca teve compromisso com o meio ambiente. Sua atuação sempre foi em sentido contrário. Durante este período em frente à Pasta sempre se mostrou mais como um defensor de mineradoras, garimpeiros, grileiros e todos que, assim como ele, apenas se preocupam em desmontar toda estrutura de preservação ambiental”, denunciou o coordenador do Núcleo Agrário do PT, deputado João Daniel (PT-SE).
O petista recordou ainda a fala do ministro na reunião ministerial do dia 22 de abril com Bolsonaro. “Este seu objetivo ficou muito claro, em sua fala na reunião ministerial de 22 de abril, quando o mesmo verbalizou sua intenção de se aproveitar da pandemia do novo coronavírus para “passar a boiada”, para modificar as normas infralegais que regem a proteção ambiental no Brasil”. João Daniel espera que o ministro possa ser afastado e responsabilizado por todos os seus atos contra o meio ambiente.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) ressalta que Salles não tem condições de permanecer no comando do Ministério do Meio Ambiente. “É o primeiro ministro desde a redemocratização que atua numa área com o objetivo de atacá-la, destruí-la, representando um setor atrasado do agronegócio que já foi superado em quase todo o mundo há pelo menos 20 anos”.
Para o parlamentar, a ação do MPF é importante e espera que a Justiça acolha o pedido. “A ação do MPF é importante porque trata-se de uma manifestação robusta e relevante de procuradores que levantaram provas de irregularidades de Salles, que vão contra o interesse público, como o corte de verbas no combate ao desmatamento e a sua negação, a interferência política no Inpe, a redução à proteção da Mata Atlântica, o esvaziamento do Conama e a inviabilização do Fundo Amazônia. Nosso mandato vem denunciando há muito tempo esses desmandos. Espero que a Justiça acolha a proposição do MPF”, avaliou Tatto.
“O meio ambiente brasileiro vem sendo ameaçado e destruído no governo Bolsonaro, sob a gestão do ministro “antimeio ambiente”, Ricardo Salles, que implementa uma política desastrosa. Desde que assumiu, estimula o desmatamento e trabalha contra a fiscalização”, aponta o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), que já presidiu a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS).
“Passar a Boiada”
Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), Ricardo Salles deveria ter sido demitido após a criminosa reunião de ministros, em 22 de abril. “Mesmo antes de dar aquele show de delinquência ao propor que o governo se aproveitasse da pandemia para destruir a legislação ambiental [“passar a boiada”], Ricardo Salles já deveria ter sido demitido. Aliás, quando o nomeou, Bolsonaro já sabia que ele era suspeito de fraude ambiental. O resultado não poderia ser outro senão essa gestão desastrosa, a pior da história do Ministério do Meio Ambiente”, criticou o parlamentar gaúcho.
A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), escreveu em suas redes sociais que o vídeo da reunião ministerial foi providencial. “MPF pede saída de Salles e condenação por improbidade administrativa. Depois de ser pego com a boca na botija querendo passar a boiada, é acusado de desmontar política de proteção ambiental e ser o responsável direto pelo desmatamento. O vídeo daquela reunião foi providencial”, observou a petista.
O deputado Leonardo Monteiro afirmou ainda que a saída de Ricardo Salles é uma boa notícia para aqueles que lutam pelo meio ambiente. “O MP pede a saída urgente por “desestruturação dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente”, o que corrobora a própria fala do ministro na reunião de 22 de abril, quando ele disse que o governo deveria aproveitar para “passar a boiada”. Por tudo isso, a saída de Ricardo Salles é uma boa notícia para todos os que lutam pelo meio ambiente. Esperamos que seu substituto esteja à altura dos desafios que o tema impõe”, destacou.
Lorena Vale