Petistas criticam presidente da Eletrobras e governo por campanha difamatória contra a empresa

A deputada Erika Lula Kokay (PT-DF) desmontou nesta terça-feira (22) os argumentos utilizados pelo presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, para tentar justificar a contratação – sem licitação – de uma empresa de consultoria em comunicação, a FSB Comunicação. Por dois milhões de reais a empresa divulgou dados reforçando as “vantagens” de uma possível compra de ações da estatal. Segundo a parlamentar, que presidiu e foi a autora do requerimento de realização da audiência pública da Comissão do Trabalho que ouviu o presidente da Eletrobras, ficou comprovado que a contratação da empresa teve como único objetivo atender o interesse do governo Temer de justificar a venda da estatal para a iniciativa privada.

Durante a audiência, o presidente da Eletrobras negou que a empresa de comunicação tivesse sido contratada para depreciar a imagem da estatal. Ele afirmou que o objetivo era apresentar dados positivos sobre a Eletrobras para o mercado – potenciais compradores -, a imprensa e à sociedade. No entanto, admitiu que o anúncio da privatização – e a resposta favorável do mercado – motivou a contratação da empresa de consultoria.

“O presidente da Eletrobras destacou aqui que a contratação da empresa de consultoria visava apresentar à sociedade e aos acionistas as supostas vantagens da venda de ações da estatal e, portanto, a perda do controle acionário. Mas essa não é a função da Estatal”, alertou Kokay. A parlamentar brasiliense também contestou a justificativa do presidente da Eletrobras de que a proposta não é de privatização, mas “apenas uma abertura de capital com a venda controlada de ações limitadas a 10% do total por comprador”.

“O presidente da Eletrobras utiliza o sofisma de que não haverá privatização, mas apenas abertura do capital da empresa limitada ao controle de 10% das ações. Ao mesmo tempo ele omite que essa ‘abertura’ não impede que empresas formem blocos de compradores para assumir o controle acionário da estatal”, esclareceu Erika Kokay.

A contratação da empresa de consultoria também foi contestada por representantes dos funcionários do sistema Eletrobras. Em nome do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) Naylor Gato criticou Wilson Ferreira Júnior por não defender a estatal dos ataques sofridos por uma campanha difamatória praticada pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Uma das peças publicitárias – divulgadas pelas redes sociais – afirma que se a Eletrobras for privatizada, os consumidores não vão mais perder nenhum gol: “Chega de corte de energia na final do Campeonato. Com a modernização da Eletrobras a luz está garantida! ”, propaga a campanha.

“Em nenhum momento a direção da Eletrobras defendeu a empresa desse ataque, principalmente das acusações de ser responsável por cortes de energia, ou de que estaria quebrada”, acusou Erika sobre outra postagem veiculada pelo MME nas redes sociais.

O presidente Wilson Ferreira Júnior também foi questionado pela parlamentar sobre declarações veiculadas pela imprensa na qual teria dito que os contrários à privatização da Eletrobras “defendiam interesses não republicanos”. Ferreira Júnior garantiu que nunca proferiu a frase. “O senhor não conseguiria apontar quais interesses seriam esses e quem os defende, porque na verdade interesse não republicano é contratar uma empresa sem licitação para promover a privatização da Eletrobras”, destacou Kokay.

A parlamentar lembrou ainda que o presidente da Eletrobras é acusado de chamar os funcionários da Eletrobras de “vagabundos”, e de tentar aumentar o próprio salário – de R$ 50 mil reais – em 46%. Sobre a agressão verbal, Ferreira Júnior afirmou que já reconheceu o erro e explicou que não se referiu a todos os funcionários da estatal, mas “apenas a gestores com cargo de confiança que não estavam cumprindo corretamente suas funções”.

Já em relação à tentativa de aumento do próprio salário, o presidente da Eletrobras disse que na época apenas tentava equalizar os vencimentos de diretores estatutários e nomeados. “Os vencimentos eram diferentes, mas essa é uma questão superada. Todos mantiveram os mesmos salários”, disse Ferreira Júnior.

Justificativa – Sobre a tentativa de privatização da Eletrobras, defendida pelo presidente da estatal como a única saída para a empresa, o deputado Pedro Lula Uczai (PT-SC) observou que o único interesse da proposta é financeiro. “Em nenhum momento os argumentos do governo para a privatização, ou perda do controle acionário – como o governo prefere chamar – inclui questões como a universalização dos serviços ou a modicidade tarifaria.  O Ministério das Minas e Energia tenta convencer a sociedade de que a Eletrobras está quebrada, e que o único caminho é privatizar, vendendo a preço de banana”, lamentou.

Héber Carvalho

Pedro Uczai acusa governo de querer vender Eletrobras a preço de banana

 

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