Petistas criticam ministro da Saúde por dados incompletos de combate à Covid-19 e falta de medicamentos

Os deputados Reginaldo Lopes (PT-MG) e Rejane Dias (PT-PI) questionaram o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, nesta terça-feira (23), sobre a ausência de dados mais aprofundados acerca da pandemia e de ações efetivas no combate à Covid-19 no País. Os petistas criticaram o governo Bolsonaro principalmente pela falta de um planejamento conjunto com governos estaduais, municipais e a sociedade, além de a falta de medicamentos para pacientes internados com o vírus.

Foto: Lula Marques

Foto: Gabriel Paiva

Durante a reunião da Comissão Mista do Congresso que acompanha a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas ao coronavírus, o deputado Reginaldo Lopes disse que a falta de dados disponíveis à sociedade sobre as ações de combate a Covid-19, é fruto da atitude negacionista de Bolsonaro sobre a realidade da pandemia.

“Depois de mais de 50 mil mortes causadas pela Covid-19, o presidente ainda põe em dúvida se esse número é real ou não, e ainda atacou cinco vezes a Lei de Acesso à Informação, de minha autoria, para tentar esconder dados sobre a pandemia. Não é novidade que alguém que defende a ditadura, que escondeu informações até de uma epidemia no passado, queira esconder informações agora”, disparou Reginaldo Lopes.

O deputado mineiro se referiu à tentativa da ditadura militar de esconder uma epidemia de meningite, que começou no início da década de 1970, no governo do ditador Médici. Apesar do surto ter lotado hospitais em todo o Brasil, forçando até mesmo o cancelamento dos jogos Pan-Americanos, que seriam realizados em São Paulo, a imprensa foi proibida de divulgar o fato. Somente no final da década, no governo Geisel, foi criada a Comissão Nacional de Controle da Meningite, que importou milhões de vacinas e criou um plano para conter a epidemia.

Durante a reunião, ministro relatou que o ministério está catalogando as informações para disponibilizá-las no site do órgão, inclusive com dados sobre distribuição de testes e medicamentos pelos País, e valores envolvidos na compra desses insumos. Sobre as explicações do ministro, Reginaldo Lopes lamentou que qualquer ação mais efetiva tenha como maior obstáculo o próprio presidente da República.

Governo de fanáticos

“Eu desejo sinceramente que o ministro consiga fazer um bom trabalho, mas acho algo difícil em um governo anticiência. É inacreditável que depois de meses do início da pandemia, o governo Bolsonaro ainda não tenha constituído um gabinete de crise, com a participação dos ministros, governadores, prefeitos, secretários de saúde, trabalhadores e empresários para combater a Covid-19. Não deve ser fácil trabalhar em um governo de fanáticos, que não acredita na ciência”, disse o deputado Reginaldo ao ministro, que também não é da área da saúde.

O parlamentar relatou ao ministro que, inclusive, entrou com uma notícia-crime no STF contra o presidente Bolsonaro. Reginaldo Lopes explicou que a ação cita ações de sabotagem do presidente contra a contenção da Covid-19, como por exemplo, ter minimizado as consequências do vírus que já matou mais de 50 mil brasileiros ao chamá-lo, em um pronunciamento oficial no dia 24 de março, de “uma gripezinha”.

Falta de medicamentos

A deputada Rejane Dias alertou o ministro para a dificuldade que hospitais públicos estaduais e municipais de todo o País encontram para a compra de medicamentos a fim de tratar pacientes graves internados com Covid-19. Segundo ela, até cirurgias eletivas estão sendo adiadas para que não faltem medicamentos aos pacientes.

“Trago aqui a preocupação de governadores, prefeitos, secretários e profissionais da saúde com o desabastecimento de medicamentos como sedativos e bloqueadores neuromusculares, utilizados para sedar ou entubar pacientes nas UTIs por conta da Covid-19”, afirmou. Rejane Dias relatou ainda que o próprio secretário de Saúde do Piauí revelou a dificuldade de comprar estes medicamentos no mercado.

Sem especificar data, o general Pazuello, prometeu que o ministério vai atender as situações emergenciais nos próximos dias, e que já iniciou processo licitatório para reforçar o estoque desses medicamentos.

Héber Carvalho

 

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