Petistas cobram menos ideologia do governo Bolsonaro no comércio externo da agropecuária

Os deputados petistas Marcon (RS), João Daniel (SE) e Airton Faleiro (PA) cobraram do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, mais responsabilidade dele e de integrantes do governo, inclusive do presidente Jair Bolsonaro, em declarações e gestos com conotação ideológica que podem afastar parceiros comerciais importantes para a agropecuária brasileira. O alerta foi dado durante audiência pública na Comissão de Agricultura, nesta quarta-feira (29), que debateu com o ministro Ernesto Araújo “as repercussões de posicionamentos do chanceler e do governo para o comércio externo do agronegócio brasileiro”.

Como autor do requerimento que viabilizou a ida do ministro ao colegiado, o deputado Marcon começou a questionar o apoio incondicional do atual governo a países como Estados Unidos e Israel, motivados unicamente por fatores ideológicos, deixando em segundo plano parceiros comerciais mais importantes para a agropecuária como a China e os Países Árabes. Sobre o conflito comercial entre Estados Unidos e China, o petista alertou que o mais vantajoso para o Brasil é “não tomar partido”.

“A China é o maior comprador dos nossos produtos, mas o senhor já disse que não era importante ter muita relação porque era um país comunista. Temos que lembrar que lá eles têm mais de 1 bilhão de bocas para alimentar, e compram 82% da nossa soja, além de carne de frango e suína. Não nos interessa tomar partido nessa briga”, lembrou. Ele ainda criticou por Bolsonaro por assumir o compromisso, durante visita aos Estados Unidos, “de comprar toneladas de trigo norte-americano em troca de vaga promessa de aumento de compra de carne nacional”.

Na mesma linha, o deputado João Daniel destacou que “não podemos ter lado na briga entre China e Estados Unidos”. “Se você está de um lado, atrapalha a relação com o outro. Temos que ter cuidado com esse complexo de inferioridade em relação aos Estados Unidos. Não esqueçamos que (Donald) Trump defende os interesses dos norte-americanos”, lembrou.

Já o deputado Airton Faleiro disse que é preciso mais cuidado nas declarações públicas de integrantes do governo. “Temos que tomar cuidado porque a divulgação do que o senhor (Ernesto Araújo) e do que o presidente falam causam impactos, e depois tem que correr para consertar o estrago”, alertou.

O deputado Marcon também criticou o alinhamento incondicional do Brasil a Israel. De acordo com o parlamentar, atitudes como cogitar mudar a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém – cidade reclamada pela Palestina como capital de sua nação – pode trazer graves prejuízos ao País.

“Israel comprou de nós em 2018 cerca de 321 milhões de dólares, enquanto os países árabes compraram 15 bilhões de dólares. Então vamos ter uma relação baseada em ideologia, com Bolsonaro visitando Israel e indo até ao Muro das Lamentações? ”, ressaltou.

Meio Ambiente

Além do alinhamento ideológico do governo Bolsonaro a outros países, os deputados petistas também criticaram declarações e ações contrárias a preservação ambiental. Eles alertaram que o Brasil pode até mesmo sofrer embargo de seus produtos agropecuários com essas atitudes.

“Essa questão de rever a criação de mais de 300 áreas de conservação ambiental (medida anunciada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles), a flexibilização da legislação ambiental, a liberação de veneno e não demarcação de terras indígenas e quilombolas, tudo isso pode levar ao embargo da venda da nossa produção agropecuária”, avisou Airton Faleiro.

O deputado Marcon lembrou que o próprio ministro Ernesto Araújo já deu declarações desacreditando o aquecimento global ao dizer que seria “uma balela”. “Essas questões ambientais podem afetar nosso comércio exterior. Os países boicotam quando não se leva em conta essa questão”, advertiu.

 

Héber Carvalho

 

 

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