Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta terça-feira (1º) para destacar a coragem e a dignidade do ex-presidente Lula diante do pedido de progressão de regime prisional feita por procuradores da Lava Jato. “Lula tem uma grande força moral ao dizer que não aceitará o regime de progressão, que é um direito de qualquer cidadão preso. Ele não quer trocar a sua dignidade pela sua liberdade porque esse foi um processo fraudulento, um processo de fake news”, afirmou a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
A deputada reforçou que Lula é um preso político, condenado em um processo que até então não prova absolutamente nada contra ele. “O que o procurador Deltan Dallagnol, o então juiz Sérgio Moro e Bolsonaro querem é sair de foco na medida em que, a cada momento, aparece mais uma notícia que comprova que não houve lisura nesse processo”.
O que o Lula quer, segundo Benedita, não é nenhuma vantagem ou dádiva, principalmente daqueles que inventaram uma prisão para ele. “O que Lula quer é a legitimidade de um processo que o possa absolvê-lo ou condená-lo, mas que seja imparcial. Como ele tem absoluta certeza de que não foram imparciais, de que não tiveram a justeza necessária no julgamento, ele não aceita, de forma nenhuma, essa progressão”, enfatizou.
O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) defendeu a liberdade plena e imediata para o ex-presidente. “Queremos Lula livre, com dignidade, com respeito, com a justiça plena sendo feita e as ilegalidades e arbitrariedades dos processos que condenaram o presidente Lula sejam todas anuladas”. O parlamentar frisou que isso é princípio básico do direito e princípio básico de qualquer sociedade civilizada. “Infelizmente, os procuradores, os algozes, aqueles que estavam agindo com tanto ímpeto, com tanta vontade, junto com o juiz Sérgio Moro, perseguindo o presidente Lula, perseguindo também outras figuras políticas, agora, parece, viraram os bonzinhos”, ironizou.
Alencar Santana relembrou que nunca os procuradores da Lava Jato fizeram um pedido de progressão de pena. “Pelo contrário, recentemente, numa de suas decisões, tentou-se transferir Lula para um presídio comum em São Paulo, inclusive, esse Parlamento reagiu e o Supremo Tribunal Federal não permitiu mais uma arbitrariedade, mais uma vingança, um ímpeto punitivista, perseguidor que imperava em Curitiba. Agora, de uma hora para outra, depois da ‘Vaza Jato’, das revelações, os procuradores, parece, amoleceram o coração e querem Lula livre, querem Lula fora da Polícia Federal e pediram, por iniciativa própria, a progressão de pena”, criticou.
Parcialidade de Moro
O deputado Rui Falcão (PT-SP) afirmou que está mais do que comprovada a parcialidade do então Juiz Sérgio Moro, “que acaba de sofrer uma derrota fragorosa, quando o Supremo Tribunal Federal reconhece que não houve o devido processo legal porque os delatores falaram por último”. Ele destacou também que os procuradores da Lava Jato estão todos comprometidos e sugeriu que aqueles que ainda duvidam dessa verdade que leiam o capítulo 15 do livro do ex-procurador da República Rodrigo Janot. “Está lá com todas as letras o teatro criado pelo coordenador da operação, Deltan Dallagnol, para condenar forçosamente sem provas e sem crime o presidente Lula”.
Rui Falcão pediu ainda que as pessoas deixassem de lado o fanatismo e analisassem a realidade dos fatos. “O fanatismo, o comportamento de seita e a cultura do ódio levam as pessoas a desconhecerem a realidade”, alertou.
Carta do Lula
O deputado Padre João (PT-MG) também frisou que Lula é um preso político que está sendo injustiçado. Ele leu a carta ao povo brasileiro, escrita ontem (30) pelo ex-presidente, na qual Lula explica que “não aceita barganhar meus direitos e minha liberdade”. E que afirma que já demonstrou que “são falsas as acusações” que o fizeram e que não descansará enquanto a “verdade e a justiça não voltarem a prevalecer”.
Padre João ainda deu conselho aos opositores do PT e que são contrários à liberdade plena para Lula. “Esta turma do PSL deveria cuidar dos seus bandidos de estimação, que estão aí impedidos — deputados, Vereadores —, e estão tentando constranger os ministros da Suprema Corte, para impedir investigação”, afirmou e indagou: “Onde está o Queiroz? Quem mandou matar a Marielle?”.
Para o deputado Marcon (PT-RS) é necessário e urgente anular o processo ilegal e injusto contra Lula. “Os próprios sites, as notícias estão confirmando as ilegalidades. O juiz Sérgio Moro foi convidado para ser ministro do Bolsonaro 10 dias antes do primeiro turno. Foi o troféu que ele recebeu para fazer um serviço contra a democracia e contra o Lula”, criticou.
E o deputado João Daniel (PT-SE) também pediu liberdade plena imediata para Lula e reforçou que o ex-presidente só quer que a justiça seja feita, porque o seu julgamento foi criminoso.
Vânia Rodrigues