Parlamentares do PT e de outros partidos da oposição acusaram o líder da bancada do partido de Bolsonaro, Delegado Waldir (PSL-GO), de portar uma arma na cintura durante a reunião da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara, realizada nesta terça-feira (9). O fato ocorreu após uma discussão entre deputados da oposição e do governo junto à mesa do presidente da Comissão, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), por conta de divergências sobre a condução da reunião. O fato foi repudiado no plenário da Câmara pelo líder em exercício da Bancada do PT, deputado Enio Verri (PT-PR) e também pelo petista Carlos Veras (PE).
“O regimento interno não permite ninguém portar arma dentro da Câmara. Senhor presidente, agora há pouco, durante reunião na CCJ o líder do PSL, deputado Delegado Valdir estava armado durante a reunião que debatia a Reforma da Previdência. Eu nunca imaginei que isso pudesse ocorrer na Câmara em pleno século XXI. Pedimos a apuração por parte da presidência dessa Casa, porque acreditamos que este ato cabe até [processo na] Comissão de Ética. Isso empobrece e mancha a imagem dessa Casa”, afirmou.
A reclamação de Enio Verri foi endereçada ao deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que presidia a sessão no momento. O parlamentar maranhense acatou o pedido do petista e determinou a averiguação do fato.
Toda a confusão começou após uma questão de ordem da deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) ter sido ignorada pelo presidente da CCJC. Após isso, um grande bate-boca envolveu deputados da oposição e do governo em frente a mesa da presidência do colegiado. Neste momento, após ser alertado, o deputado Carlos Veras se colocou entre o Delegado Waldir e a deputada Maria do Rosário (PT-RS) constatando que o líder do partido de Bolsonaro estava mesmo armado. Ao ser flagrado, o líder do PSL tentou agredir Carlos Veras, mas foi contido pelos seguranças da Câmara.
Já no plenário, o parlamentar pernambucano confirmou que o Delegado Waldir estava mesmo armado na comissão. “O líder do PSL estava armado na CCJ, e eu fui testemunha. Não dá para aceitar que um governo queira aprovar uma reforma nem que seja na bala, usando da força, com deputados armados para aprovar a toque de caixa a Reforma da Previdência”, argumentou o petista.
O artigo 271, do Regimento Interno da Câmara, proíbe que deputados andem armados pela Casa. “Excetuado aos membros da segurança, é proibido o porte de arma de qualquer espécie nos edifícios da Câmara e suas áreas adjacentes, constituindo infração disciplinar, além de contravenção, o desrespeito a esta proibição”. O parágrafo único do artigo diz ainda que “Incumbe ao Corregedor, ou Corregedor-substituto, supervisionar a proibição do porte de arma, com poderes para mandar revistar e desarmar”.
Héber Carvalho
Fotos: Lula Marques