Em pronunciamento no plenário da Câmara, o deputado Bohn Gass (PT-RS) classificou como “cretino” o argumento utilizado pelo relator da reforma política, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, ao ser questionado em entrevista ao Jornal Nacional sobre “doações” ocultas de empresas a candidatos, afirmou que somente “alguns acham que é retrocesso”. A possibilidade de esconder a identidade de uma empresa que “contribui” para uma campanha foi incluída pelo relator no texto final da reforma política votada na Câmara.
“Poucas vezes na minha vida ouvi um argumento tão cretino. Esses “alguns” a que ele se refere somos nós, do PT e dos partidos que votaram contra sua vergonhosa proposta de reforma política e todos aqueles que entendem que a transparência é um valor democrático”, enfatizou Bohn Gass.
O parlamentar gaúcho explicou que “só quem não acha retrocesso o tema é o deputado Maia, o partido dele (DEM) e aqueles que querem esconder de quem recebem dinheiro para financiar suas campanhas”. Porém, o deputado petista lamentou que “infelizmente, os que não acham que é retrocesso formam a maioria nesta Casa (Câmara)”.
Nas chamadas doações ocultas, uma pessoa jurídica que não quer ter associado o seu nome a uma “contribuição” a determinado candidato, doa ao partido para que este faça o repasse ao destinatário final. Dessa forma, na consulta da prestação de contas do candidato no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só aparece como doador o partido, ocultando a identidade do verdadeiro “doador”. Desde o ano passado o TSE proibiu a prática, mas o texto da reforma aprovada na Câmara “ressuscitou” a manobra.
“Ao votar sim a uma proposta que mascara as doações, o que esta Câmara disse à população brasileira foi: Não contem conosco! Não confiem em nós, deputados. Porque no que depender da maioria aqui na Câmara, faremos tudo o que for possível para esconder do povo os nossos atos. Que vergonha!”, concluiu Bohn Gass.
Héber Carvalho
Foto: Luiz Macedo
