Vazamento do The Intercept divulgado pela Folha de S. Paulo revela que procurador queria ação contra o petista “por questão simbólica”. Ex-candidata ao governo do Rio questiona “ética” de Moro.
O procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol atuou em outubro de 2018 para tentar prejudicar o petista Jaques Wagner, quando ele se elege senador pela Bahia. Segundo informou a coluna da Jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, na madrugada deste sábado (29) Dallagnol queria “acelerar ações” contra o petista, como uma medida de busca e apreensão, “por questão simbólica”.
Essa informação consta de mais um vazamento do The Intercept, que tem mostrado a atuação do ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato para manipular o processo de acusação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A divulgação foi feita na Folha de S. Paulo porque o jornal é parceiro do site do jornalista Glenn Greenwald na difusão dos vazamentos.
“Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”, pergunta o procurador em um dos diálogos. Alertado de que não haveria deferimento para pedido de busca e apreensão, Dallagnol afirma: “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA (busca e apreensão) até, por questão simbólica”. E completa: “Mas temos que ter um caso forte”.
Repercussões
Outra matéria divulgada no site do The Intercept na madrugada deste sábado, que mostra diálogos entre procuradores sobre a atuação de Moro atesta que o juiz era reconhecidamente parcial em suas atuações na Lava Jato. A procuradora Monica Cheker chegou a afirmar: “Moro é inquisitivo. Só manda para o MP quando quer corroborar suas ideias”.
A ex-candidata ao governo do Rio de Janeiro Marcia Tiburi comentou em sua conta no Twitter na manhã deste sábado sobre o vazamento: “Do ponto de vista ético, a postura do ex-juiz é a pior de todos os envolvidos na #Vazajato. Conta com a conivência cínica dos parceiros e a ignorância dos otários, enquanto despreza a verdade e os valores republicanos que impedem fazer o que bem se entende”.
Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que “Moro está descobrindo da forma mais dura como suas imposições ao MP eram reprovadas por pessoas com senso ético, que sabiam exatamente a manipulação judiciária que ele fazia, mas estavam amarradas ao sistema que ele comandava”.
Foto – Fernando Frazão/Agência Brasil
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