Pela 3ª vez Bolsonaro depõe na PF; petistas enfatizam que lugar do ex-presidente é na cadeia

Bolsonaro já pode pedir música no Fantástico, dizem deputados. É a terceira vez que o ex-presidente depõe na PF. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Lindbergh: “O futuro de Bolsonaro e da sua família é a cadeia”. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O depoimento do ex-presidente Bolsonaro à Polícia Federal, nesta terça-feira (16), foi tema de discurso crítico de parlamentares da Bancada do PT. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que, em menos de 40 dias, essa é a terceira vez que Bolsonaro é chamado para depor. Ele destacou que o primeiro depoimento foi pelo roubo das joias – presente da Arábia Saudita avaliadas em R$ 16,5 milhões –, o segundo pelos atos golpistas de 8 de janeiro e esse terceiro, pela fraude no cartão vacinal. “O futuro de Bolsonaro e da sua família é a cadeia”, afirmou.

Bolsonaro foi ouvido hoje pela Polícia Federal sobre o seu possível envolvimento no esquema de fraudes em cartões de vacina da Covid-19. Há duas semanas, quatro pessoas ligadas ao ex-presidente foram presas pela PF suspeitos de fazerem parte de um esquema de inserção de dados falsos sobre vacinação da Covid nos sistemas do Ministério da Saúde.

Lindbergh relembrou que houve uma busca e apreensão na casa do ajudante de ordem do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid – um dos quatro presos pela PF. “E a casa caiu. Sabe por quê? Eu dizia aqui: quando quebrarem o sigilo do Mauro Cid, a casa vai desabar para Bolsonaro! E isso está se mostrando. Vocês viram a fraude do cartão vacinal, viram o esquema de pagamento de dinheiro vivo das contas de Michele Bolsonaro”, citou.

O deputado enfatizou que até uma empresa, a Cedro do Líbano, que trabalhava com contratos com o governo federal, na Codevasf, depositava dinheiro. “Era tudo em dinheiro vivo. Sabe o que o advogado de Bolsonaro disse? Que eles pagavam em dinheiro vivo porque Bolsonaro era pão-duro e não pagava as contas da Michele! O fato é que tinha um esquema, tinha um operador, que se chamava tenente-coronel Mauro Cid”, reiterou.

Rachadinha

Além do esquema, que Lindbergh chama de “rachadinha do cartão corporativo”, o deputado previu que através do tenente-coronel Mauro Cid, “vamos ver as ligações do Bolsonaro com os atos golpistas de 8 de janeiro! Bolsonaro foi o autor intelectual! Bolsonaro foi o mandante!”, afirmou.

Lindbergh citou ainda a recente descoberta de uma mansão de R$ 8,5 milhões do Mauro Cid. “Será que é dele? Temos que investigar. São quatro mansões. O fato é que o tenente-coronel era o operador de dinheiro de Jair Bolsonaro. Fazia isso dentro do Palácio do Planalto”, acusou.

O deputado disse que todas as investigações começaram quando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, quebrou o sigilo telefônico e de mensagens de várias pessoas. “A partir da quebra desses sigilos, foram surgindo novos inquéritos, que mostraram que houve práticas de corrupção dentro do Palácio do Planalto. O de hoje é um desses. Ele está prestando depoimento na Polícia Federal pela fraude no cartão de vacina, que foi comandada também pelo tenente-coronel Mauro Cid. O futuro dessa família e do Bolsonaro é a cadeia”, reiterou.

O ex-presidente mais corrupto

Welter: “Bolsonaro vai entrar para a história como o mais perverso, mais criminoso e mais corrupto”. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Ao falar sobre o depoimento de Bolsonaro, o deputado Welter (PT-PR) afirmou que o ex-presidente Bolsonaro, queiram ou não queiram, vai entrar para a história como o “mais perverso, mais criminoso e mais corrupto” dos presidentes. “Por que ele vai entrar para a história dessa forma? Porque ele já está indo depor pela terceira vez na Polícia Federal em 40 dias. É a terceira vez que ele depõe por escândalo de joias, cartão de vacina e também por incentivo a atos terroristas que quebraram esta Casa, o Poder Executivo e o Poder Judiciário! É isso que está sendo tratado”, frisou.

Música no Fantástico

Rogério Correia: “O autor intelectual de tudo isso, embora eu ache que ele não tem intelecto pra nada, foi Bolsonaro”. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

“Já é o terceiro depoimento dele. Bolsonaro já pode pedir música no Fantástico”, ironizou o deputado Rogério Correia (PT-MG). Ele aproveitou para insistir na instalação da CPMI do Golpe ou CPMI do 8 de Janeiro, “porque estranhamente os bolsonaristas, que fizeram daqui um cercadinho para contar a mentira de que o 8 de janeiro foi apenas um ato de alguns ‘patriotários’, mas que não tinham nada a ver com o golpe, eles simplesmente sumiram e não falam mais da CPMI. Mas ela precisa ser instalada. Nós queremos saber de quem foi a responsabilidade principal da tentativa de golpe”.

Na avaliação do deputado Rogério Correia, agora, com a prisão de Mauro Cid, e do Major Ailton Barros, as conversas entre eles tramando o golpe estão vindo a público. “Uma coisa está clara: o autor intelectual de tudo isso, embora eu ache que ele não tem intelecto para ser autor de nada, foi o ex-presidente Jair Bolsonaro; ou seja, o mandante dos atos golpistas! Por isso, a base bolsonarista sumiu do plenário. Não falam mais no assunto da CPMI”, criticou.

 

 

 

Vânia Rodrigues

 

 

 

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