Não importa qual seja a profissão, todas elas são dignas e têm seu devido valor, mas não foi bem isso que uma escola do Rio Grande do Sul ensinou, na última semana, com a atividade festiva “Se nada der certo”, com alunos vestidos de garis, faxineiras, vendedor de fast food e engraxate. “Como educador e professor, expresso aqui na tribuna o meu repúdio a essa escola que permite o preconceito e a discriminação contra diferentes profissões. Uma instituição assim não merece ser chamada de escola”, protestou o deputado Pedro Uczai (PT-SC).
A atividade num recreio temático, continuou Pedro Uczai, levou os alunos a se fantasiarem de profissões de baixa remuneração para demonstrar o fracasso, o se nada desse certo. “A brincadeira expressou um vertiginoso preconceito de classe e uma discriminação grave para com todos aqueles e aquelas que com dignidade desempenham estas ocupações como forma de garantir seu sustento e sobrevivência”, reforçou o deputado.
Na avaliação do deputado e educador, a atividade se nada ter certo é duplamente infeliz, preconceituosa e digna de repúdio. “Por um lado, cria e reforça as hierarquias de valores entre os diferentes tipos de ocupações, colocando aquelas de menor remuneração em um patamar de inferioridade e subalternidade, como se fossem desprovidas de dignidade. Por outro lado, cria uma experiência quase que debochada e falaciosa da realidade daqueles estudantes, que dificilmente um dia precisarão exercer tais ocupações”.
Pedro Uczai finalizou reforçando que atividades desse tipo expressa o preconceito de classe e o pensamento elitista que ainda estão intricados na elite brasileira. “E, infelizmente, ainda é reproduzido e legitimado na escola e nos processos educacionais que deveriam formar estes jovens”.
Vânia Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra