O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) anunciou que vai colher assinaturas na Câmara dos Deputados para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o “conflito de interesses” no período em que o ex-juiz Sergio Moro trabalhou na empresa norte-americana Alvarez & Marsal.
“Vou pedir uma CPI por conflito de interesse: A Alvarez & Marsal foi contratada para fazer a recuperação judicial das empresas que foram processadas pelo juiz da 13ª. Vara de Curitiba”, anunciou o deputado pelo Twitter. Para a comissão ser instalada, são necessárias 171 assinaturas.
O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), informou que a bancada vai discutir nos próximos dias a criação da CPI proposta por Teixeira. Ele disse que vai tratar do assunto com o próprio autor do pedido e com a presidenta do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “Acredito que precisamos instalar a CPI, que é o fórum com legitimidade para investigar no Congresso”, disse Lopes ao site Poder360.
Contratação suspeita
O pré-candidato do Podemos à Presidência da República trabalhou por quase um ano na consultoria norte-americana que atua nos processos de recuperação fiscal de alvos da Lava Jato. O Tribunal de Contas da União (TCU) apura o suposto conflito de interesses do ex-juiz e retirou no dia 21 o sigilo dos documentos envolvendo a contratação de Moro, declarado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) parcial e suspeito nos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato.
O pedido para que o sigilo fosse levantado foi feito pelo subprocurador-Geral do TCU, Lucas Furtado, em ofício ao presidente do TCU, Bruno Dantas. No documento, ele pediu acesso aos processos que relacionam o ex-juiz parcial Moro à empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal, responsável pela administração da recuperação judicial da Odebrecht.
O líder do PT, Reginaldo Lopes, havia protocolado no TCU, no dia 20, requerimento em que pediu o compartilhamento com o Congresso Nacional das informações relacionadas a Moro e a seus ganhos da Alvarez & Marsal, que conseguiu contratos milionários justamente de empresas que foram perseguidas pelo ex-juiz que agora virou político, depois de ajudar na campanha presidencial de Bolsonaro e tornar-se ministro do atual governo.
Negócios milionários
Moro trabalhou para a consultoria Alvarez & Marsal até outubro de 2021, quando encerrou o contrato para se dedicar a candidatura à Presidência nas eleições de 2022. Durante este período, a empresa recebeu R$ 42,5 milhões em honorários de empresas investigadas na Lava Jato.
Segundo Reginaldo Lopes, é importante a sociedade conhecer detalhes sobre o trabalho do ex-juiz na consultoria. “Isso tudo é de interesse da sociedade e da história. Vamos ter que apurar”, disse.
Dos R$ 42,5 milhões, a Alvarez & Marsal recebia mensalmente R$ 1 milhão da Odebrecht e da Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial); R$ 150 mil da Galvão Engenharia; R$ 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC); e R$ 97 mil da OAS.
À frente da Lava Jato, além de ter perseguido Lula por motivos políticos e ideológicos, levando-o a uma prisão arbitrária, Moro ainda promoveu uma verdadeira operação contra a economia nacional. Estudo que analisa o impacto da operação Lava Jato para a economia brasileira aponta que R$ 172,2 bilhões deixaram de ser investidos no país de 2014 e 2017 e 4,4 milhões de empregos foram aniquilados. A pesquisa foi feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), e encomendada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Redação PT na Câmara, com informações do Poder 360 e agências