Nesta terça-feira (19), o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) propôs que o Congresso Nacional crie uma delegação de parlamentares para conversar com a diplomacia chinesa a fim de negociar a chegada dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) dos quais o Instituto Butantan e a Fiocruz dependem para fabricar as vacinas no Brasil.
Para o parlamentar, o presidente Jair Bolsonaro “não tem condições para negociar”. “Não tem como dar certo: presidente da República nomeia Pazuello ‘craque em logística’ e Ernesto Araújo ‘craque em diplomacia’ para negociar insumos farmacêuticos para a produção da vacina com a China”, escreveu em suas redes sociais.
Audiência com o embaixador
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou uma audiência com o embaixador da China, Yang Wanming, para falar sobre o atraso no envio de insumos para a fabricação de vacinas no Brasil. Maia afirma que pediu a audiência na segunda (18), e que a embaixada confirmou a conversa para a quarta (20).
“Tenho certeza de que não há ato político da China contra o Brasil. Mas precisamos compreender o que está acontecendo. Sem os insumos da China, não teremos vacina”, observou Maia.
A demora na chegada dos IFAs ameaça a fabricação das vacinas. As 6 milhões de doses da Coronavac que já estão sendo aplicadas devem terminar em poucas semanas. Os insumos já estão prontos para ser embarcados para o Brasil. Mas o despacho ainda depende de aprovação do governo chinês.
Desgoverno Bolsonaro
O governo Bolsonaro já fez diversos ataques à China e chegou a proibir seus ministros de receber o embaixador Yang Wanming para qualquer tipo de conversa.
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente, faz ataques recorrentes ao diplomata e ao próprio país asiático. Ele chegou a culpar a “ditadura chinesa” pela pandemia do novo coronavírus. O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, também é recorrente em críticas à China.
“O governo brasileiro interditou a relação com a China. Só fazem ataques ao embaixador. Agora está provada a importância do diálogo diplomático. Precisamos ao menos saber o que está acontecendo, qual é a razão de os insumos não chegarem ao Brasil”, explicou Rodrigo Maia.
PT na Câmara com Folha de S.Paulo