O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse nesta terça-feira (29), na reunião da CPI que apura irregularidades nos fundos de pensão, que o Bank of New York Mellon do Brasil (BNY Mellon) tem responsabilidade no rombo nas contas do fundo de pensão dos trabalhadores dos Correios, o Postalis. O déficit do fundo é estimado em R$ 5,6 bilhões e foi causado, em grande parte, por aplicações financeiras inadequadas realizadas por algumas corretoras.
“O que houve foi uma fraude. O banco BNY Mellon, que tinha um contrato com o Postalis para gerir aplicações do fundo, deveria ter fiscalizado a gestão de terceiros que realizavam os investimentos com recursos do Postalis. Como isso não ocorreu, acredito que o banco e o investidor terceirizado estavam mancomunados para causar prejuízo ao fundo”, acusou.
Como exemplo da má gestão do banco norte-americano na gestão dos recursos do fundo, foi revelado durante a reunião da CPI que a justiça brasileira já bloqueou R$ 280 milhões do BNY Mellon.
Durante a reunião da CPI, o presidente do BNY Mellon para a América Latina e o Brasil, Eduardo Adriano Koelle, reconheceu a ação da justiça transformada, segundo ele, em carta de fiança. Apesar disso, o dirigente disse que o banco não reconhece culpa. “Nosso departamento jurídico não reconhece essa responsabilidade e esperamos com tranquilidade uma decisão da justiça sobre esse caso”, declarou.
Para comprovar a responsabilidade do BNY Mellon, Paulo Teixeira revelou carta recebida pela direção do Postalis, em maio de 2011, onde o banco norte-americano relata que investimentos realizados por uma corretora terceirizada (corretora Atlântida) estavam sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários. “Mas não entraram em detalhes”, explicou.
Ainda segundo a carta, de acordo com o petista, o banco disse que havia notificado a corretora sobre essas operações, e que a partir de então os investimentos passariam por análise prévia do BNY Mellon e do Postalis.
“Mas a surpresa é que em janeiro de 2012 o Fundo de Pensão dos Correios foi surpreendido por correspondência do próprio banco que afirmava que os títulos da dívida externa brasileira pertencente ao Postalis estavam alienados e que o produto dessa alienação fora investido em ativos privados de propriedade da corretora Brasil Sovereign, em flagrante desrespeito ao regulamento do Postalis”, ressaltou Teixeira.
O petista defendeu, ao final da reunião da CPI, que o BNY Mellon deixe a condição de testemunha nas investigações sobre o rombo no Postalis, e passe à condição de investigado.
Héber Carvalho
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