O deputado Paulão (PT-AL) criticou nessa quinta-feira (3), durante pronunciamento na Sessão Plenária da Câmara, o negacionismo do governo Bolsonaro na questão do combate à Covid-19 e à falta de planejamento para imunizar a população brasileira por meio de uma vacina. Segundo o parlamentar, o presidente Bolsonaro tem colocado preferências políticas e ideológicas acima do interesse da população.
“Neste momento, a luta contra a Covid não pode ter ideologia como o presidente Bolsonaro está fazendo, nessa visão de negar a ciência, do terraplanismo. Então, ele vai de encontro, na contramão da história”, disse Paulão ao lembrar as divergências de Bolsonaro com o governador de São Paulo, João Dória, em relação à CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em conjunto a Sinovac, grupo farmacêutico chinês.
O deputado petista destacou que nos Estados Unidos, por exemplo, três ex-presidentes do Partido Republicano (George Bush) e do Democrata (Bill Clinton e Barack Obama) se uniram para conscientizar a população sobre a importância da vacina. Enquanto isso no Brasil, segundo o petista, o presidente sabota os esforços de combate à Covid-19 e de vacinação.
“Infelizmente, o presidente Bolsonaro está dando as costas à ciência. Hoje praticamente é persona non grata no mundo, principalmente na Organização Mundial de Saúde. Ele está fazendo um desserviço. Esse comportamento dele é motivo de impeachment, porque ele está jogando contra saúde do povo brasileiro”, disse Paulão.
Auxílio emergencial
Diante do aprofundamento da crise causada pela Covid-19, e pela atuação incompetente do governo Bolsonaro no combate à pandemia, o deputado Paulão defendeu que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), coloque em votação a medida provisória (MP 1000/2020), que instituiu o auxílio emergencial residual de R$ 300 até o final de dezembro deste ano. De acordo com o parlamentar, é preciso votar e alterar a MP com o objetivo de estender o auxílio emergencial para 2021, sob risco do País viver uma crise social sem precedentes.
“Imagine, a partir do dia 1º de janeiro, não só no Brasil, mas, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste, em que as contradições sociais são maiores, não haver o alento de uma renda básica para sobreviver, — repito — para sobreviver, não para viver”, observou.
Reforma Tributária
Diante das críticas da equipe econômica sobre a inviabilidade da extensão do auxílio emergencial, o parlamentar petista ressaltou que a aprovação de uma Reforma Tributária justa e solidária poderia ser a saída. Segundo ele, atualmente no Brasil apenas a classe trabalhadora, representada pelos pobres e a classe média pagam imposto, enquanto a elite escapa da tributação.
“Então, na hora em que eu compro um carro ou uma bicicleta, eu pago tributos. Se eu comprar um iate não pago tributos. Se eu aplicar em um pequeno ou médio negócio, tenho a tributação alta. Se aplicar no rentismo, não tenho tributação. Praticamente, o Brasil é isolado nesse modelo tributário”, explicou Paulão.
O parlamentar disse ainda que se for tributado em 3% a fortuna dos 40 maiores bilionários do País, seriam arrecadados mais de R$ 60 bilhões. De acordo com o petista, esse recurso poderia atender inclusive políticas públicas como a extensão do auxílio emergencial.
Impeachment de Bolsonaro
Ao finalizar o pronunciamento, Paulão fez um apelo ao presidente da Câmara para que dê andamento a alguma das dezenas de pedidos de impeachment que foram protocolados na Casa.
“Uma pergunta que não quer calar: Presidente Rodrigo Maia, o que está faltando para Vossa Excelência colocar em pauta o processo de impedimento, de impeachment desse presidente negacionista, um presidente antipovo, um presidente que não respeita a vida e que terá agora um novo título, sendo o anjo da morte?! Senhor presidente Rodrigo Maia, o povo brasileiro pede que coloque em pauta o impeachment desse presidente que nega a vida”, encerrou Paulão.
Héber Carvalho