Parlamentares relembram atos terroristas de 8 de janeiro, pedem punição e reafirmam a defesa da democracia

Bolsonaristas terroristas provocaram quebradeira em Brasília no dia 8 de janeiro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (8) para defender a democracia e repudiar os atos terroristas aos Poderes da República, que completa um mês hoje. Eles foram unânimes em afirmar que os ataques não conseguiram abalar a democracia, ao contrário, unificaram e fortaleceram a defesa das instituições. O deputado Vicentinho (PT-SP), ao falar do que ele chamou de “tragédia anticívica”, elogiou as “decisões corretas e corajosas” que o presidente Lula e os Poderes Legislativo e Judiciário tomaram para apurar e punir os responsáveis pelo terrorismo do dia 8 de janeiro.

Entretanto, continuou Vicentinho, “não podemos deixar de lembrar algumas coisas que aconteceram naquele dia: Em primeiro lugar, muitos falam aqui de família, Pátria, Deus acima de tudo. Naquele dia, para o nosso constrangimento, eu vi uma pessoa pegando um símbolo patriótico, o símbolo da República, e o jogando no lixo. Naquele mesmo dia, eu vi uma pessoa falando que Deus estava acima de tudo. Então, ela pegou uma imagem de um dos maiores símbolos das religiões do mundo do Cristianismo, a imagem de Jesus Cristo, e a jogou no lixo. Então não considera nem Pátria, nem família; aliás, nem Pátria, nem Deus acima de tudo”, denunciou.

“Golpe orientado por Bolsonaro”

Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), o que aconteceu no dia 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe. “Hoje faz um mês que aconteceu a quebradeira geral dos Três Poderes aqui em Brasília, ou seja, da tentativa de golpe contra a democracia. Agora, isso tudo está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal, pela Procuradoria-Geral da República, porque buscaram solapar o resultado das eleições. E, ao vincular todas as provas e indícios que nós temos até hoje, isso vai nos levar a uma tentativa de golpe que foi orientada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Evidentemente, isso será provado. Mas se nós ligarmos os fatos, vamos ver que existiram muitas e muitas deliberações que levarão a esta conclusão”, afirmou.

Uma delas, citou o deputado, diz respeito às palavras que o próprio ex-presidente disse para que houvesse esses atentados contra o sistema democrático. “Nós vimos também uma minuta que ficou conhecida como minuta do golpe, que foi extraída, através da Polícia Federal, da residência do ex-ministro da Justiça, em que se insinuava uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral. E, a partir desta intervenção no TSE, eles proclamariam outro resultado eleitoral. Com isso, armariam o processo de golpe aqui executado”, explicou.

Rogério Correia citou ainda que o senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES) confessa que foi procurado, e foi conversar com o então presidente da República sobre o golpe. “Ele disse que isso, de fato, aconteceria a partir de uma armação com um ministro do Supremo, tudo para fazer confusão que depois levaria à quebradeira que ocorreu aqui, inclusive, neste plenário, com bolsonaristas alvoroçados pedindo o golpe e o fim da democracia, destruindo tudo”, criticou.

Conivência de setores da PMDF

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) também falou sobre um mês do atentado golpista e criminoso de 8 de janeiro. “Foi uma tentativa de golpe, com a conivência de alguns setores da Polícia Militar do Distrito Federal, das Forças Armadas que ali permitiram e alguns instigaram… Aliás, os que coordenaram, os que financiaram, os defensores do golpe, os que estão neste Parlamento, nós temos que pôr para fora. Este Parlamento e, da mesma maneira, a Justiça têm que dar uma resposta, colocando-os na cadeia”, recomendou.

Para o deputado, é preciso chegar a quem bancou o movimento golpista, “porque aquilo ali não foi de graça”. Na sua avaliação, não importa quem seja, “quem financiou ou instigou tem que pagar”. O parlamentar disse ainda que cada vez mais é preciso reafirmar a democracia brasileira.

Legado do bolsonarismo

O deputado Valmir Assunção (PT-BA) destacou que tem parlamentares falando em legado do bolsonarismo. “Mas hoje faz um mês que os bolsonaristas entraram aqui nesta Casa, destruíram praticamente toda a estrutura da Câmara. Chegaram ao Senado, repetiram a mesma coisa. Foram ao Supremo Tribunal Federal, destruíram tudo na Suprema Corte. Foram ao Palácio do Planalto, a mesma coisa, esse é o legado dos bolsonaristas?”, indagou.

Valmir Assunção frisou ainda que a destruição é uma prática do bolsonarista. “E isso que fez aumentar a fome, a pobreza e a miséria no Brasil durante o período que eles governaram. Destruíram todas as estruturas organizativas e, ao mesmo tempo, não quiseram seguir nosso processo natural, o processo democrático. Eles queriam construir um golpe. E eles tentaram de todas as formas, mas as nossas instituições no Brasil, por serem muito fortes, conseguiram reverter”, observou.

O parlamentar baiano pediu ainda que nunca mais se repita o 8 de janeiro na nossa história. “Que nós possamos trabalhar firme nesse próximo período. Que os bolsonaristas não tenham coragem, que eles tenham vergonha de pronunciar ou construir aquilo que eles construíram no dia 8, porque nós, povo brasileiro, nos sentimos envergonhados por ver aqueles atos de selvageria no Brasil, ao mesmo tempo, querendo destruir a nossa democracia, a nossa Pátria. Isso nós não podemos aceitar de forma nenhuma. Que nunca mais se repita o 8 de janeiro!”, reforçou.

Livre-arbítrio

Ao repudiar os atos terroristas de 8 de janeiro, o deputado Padre João (PT-MG) lembrou que enquanto seres humanos, nós somos a única criatura que tem o livre-arbítrio e a única criatura, então, que tem que responder pelos seus atos, porque gozamos do livre-arbítrio. “Hoje está fazendo 1 mês que invadiram a sede do Poder Legislativo, do Poder Executivo e do Judiciário. Invadiram, depredaram, saquearam, e muitos ainda defendem a impunidade”, protestou.

Ele espera que esses terroristas respondam pelos atos criminosos do fascismo, do vandalismo, de mais uma tentativa de golpe, “porque foi um ataque não só aos palácios, como a este, a sede do Congresso, mas um ataque à democracia. Foi um ataque a cada cidadão que confia também na democracia, que depositou votos de confiança”.

Para o deputado Padre João, para defender a democracia é necessário punir as pessoas que depredaram as sedes dos Três Poderes. “Temos de continuar buscando os financiadores, porque não podem punir só os pequenos. É por isso que vamos continuar a acompanhar este processo. Porque houve financiadores, os covardes que mandaram muitos cidadãos para cá, operar o golpe, e ficaram na sombra. Temos de buscar aqueles que tiveram formação privilegiada e que saíram — ficaram um tempo no acampamento, mas saíram para não serem presos”.

Dia da Democracia

O deputado Fernando Mineiro (PT-RN) também falou da tentativa de golpe ocorrida no dia 8 de janeiro e destacou que a história do Brasil é preenchida de golpes e tentativas de golpe. “Se observarmos a história republicana, vamos ver várias tentativas de golpes frustrados, e outros que aconteceram, efetivados, como o golpe de 64. Eu falo isso, porque eu acho que o Plenário desta Casa tem que reafirmar a primazia da defesa da democracia em nosso País”.

Ele informou que apresentou um projeto de lei para cria o Dia Nacional de Defesa da Democracia e Enfrentamento ao Fascismo e ao Terrorismo, a ser celebrado no dia 8 de janeiro. “Entendo que é necessário somarmos esforços para criar uma consciência, uma cultura democrática no Brasil. O golpe frustrado, o golpe barrado, o golpe enfrentado pela democracia no dia 8 de janeiro precisa ser lembrado”, argumentou.

CPI

O deputado João Daniel (PT-SE) rebateu os discursos dos bolsonaristas que defendem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para tratar a questão do dia 8 de janeiro. “Não precisa necessariamente de uma CPI. A única coisa que se precisa é apoiarmos a ação firme do Judiciário, da Polícia Federal, do ministro da Justiça para que haja uma punição exemplar, dando direito a todos que foram presos, a todos que irão ser presos, a todos que estão com busca e apreensão”, disse.

João Daniel citou que as operações estão acontecendo diariamente, com direito de defesa. “O direito da nossa Constituição está em pleno funcionamento, mas não há trégua para fascistas e terroristas. Sem anistia”, afirmou.

E o deputado Tadeu Veneri (PT-PR) disse que hoje, certamente, todos nós ainda estamos com a lembrança viva do dia 8 de janeiro, “30 dias depois, daquilo que o Brasil e o mundo assistiram — e assistiram pasmos —, à barbárie, à violência, à ignorância, à estupidez daqueles que vieram patrocinados para destruir o Congresso, para destruir o STF e para destruir o Palácio do Planalto”.

Segundo Veneri, eles (bolsonaristas) atacam os Poderes da República porque na democracia deles não cabe o contraditório. “Cabe apenas fazer com que a sua vontade seja sempre a maioria”, lamentou.

 

Vânia Rodrigues

 

 

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