Parlamentares do PT na Câmara e no Senado criticaram duramente o projeto entreguista do senador tucano José Serra (PSDB-SP) que retira da Petrobras a obrigatoriedade de participação na exploração do pré-sal. O projeto, na forma de um substitutivo apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), foi aprovado no Senado, nesta quarta-feira (24), por 40 votos favoráveis, 26 contrários e duas abstenções. A bancada do PT votou integralmente contra o substitutivo, exceto pelo Líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), que se absteve. O projeto segue agora para análise na Câmara.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) foi um dos que protestou contra o projeto do PSDB. “Ao longo da minha vida pública, sempre defendi a Petrobras e combati essa sanha entreguista da oposição que pretende colocar em prática um velho sonho do tucanato, o de privatizar a Petrobras. A Petrobras é a maior empresa pública do Brasil e não podemos entregar um conhecimento, uma tecnologia que a empresa desenvolveu para multinacionais, para grandes empresas internacionais. Seguiremos nessa luta contra a privatização, contra a exclusão da Petrobras como operadora única do pré-sal.”, afirmou Zarattini.
“O projeto de Serra que entrega o pré-sal a estrangeiros reduz renda, emprego e verbas para saúde e educação no Brasil”, denunciou o deputado Bohn Gass (PT-RS).
Para o deputado Enio Verri (PT-PR), o projeto de Serra representa a “perda da soberania e quebra da Petrobras”. E a deputada Ana Perugini (PT-SP) sintetizou sua posição em seu perfil no Twitter: “Não podemos entregar a riqueza do Brasil”, disse a deputada.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) refutou os principais argumentos dos defensores da matéria e lembrou que a dívida da Petrobras é perfeitamente administrável. Gleisi também destacou que a companhia brasileira fez “o mais difícil”, a pesquisa, a descoberta, o desenvolvimento da tecnologia e a perfuração dos poços. “Por que iríamos abrir o pré-sal exatamente neste momento, sem ter condições de fazer a exploração agora? Fizemos o mais difícil, e vamos entregar o filé mignon por uma dívida que nós podemos administrar?”, indagou a senadora.
Já a senadora Ângela Portela (PT-RR) defendeu que os senadores comprometidos com os avanços ajudem a dar “um basta a esse discurso entreguista” expressado no projeto de Serra. “Chega de querer privatizar a qualquer custo, chega desse discurso que se utiliza da crise econômica que estamos vivendo para apontar soluções messiânicas. Sou contra o PLS 131, pois ele é prejudicial ao povo brasileiro”, declarou a parlamentar.
Após a votação, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) se mostrou indignado com o resultado e usou a palavra “vergonha” para expressar seu sentimento. “Lutamos por dias em defesa da soberania nacional e do nosso patrimônio. Fizemos o debate no plenário, dialogamos com os movimentos e com os senadores e senadoras. A mudança de orientação do governo, durante a tarde de hoje, nos deixou perplexos e desarmou nossa luta, abrindo mão do enfrentamento em prol de um péssimo acordo com o PSDB que causa um prejuízo enorme ao Brasil. Mas essa foi apenas a primeira batalha. Vamos continuar a debater com a sociedade, fortalecendo um grande movimento em defesa do pré-sal, influenciando o processo na Câmara e dizendo claramente: a presidenta Dilma precisa voltar para a posição original do governo e vetar o PLS 131!”, registrou o senador em sua página no Facebook.
Pela lei atual, aprovada em 2010, a Petrobras deve atuar como operadora única dos campos do pré-sal com uma participação de pelo menos 30%. Além de ser a empresa responsável pela condução e execução, direta ou indireta, de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento e produção.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Ouça o deputado Bohn Gass na Rádio PT
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