Parlamentares da Bancada do PT na Câmara pedem justiça por Bruno e Dom

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Parlamentares da Bancada do PT na Câmara usaram suas redes sociais para pedir justiça pelo jornalista britânico Dom Phillips e pelo indigenista da Funai Bruno Pereira. Eles estavam desaparecidos há 10 dias nas Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no oeste do Amazonas. A morte dos dois foi confirmada na noite de ontem (15), pela Polícia Federal, após a confissão de Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”. Segundo a PF, ele apontou o local onde os corpos estavam enterrados no meio da mata. Também está preso pela força-tarefa que investiga o caso o irmão de “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”.

O deputado José Ricardo (PT-AM), que vai coordenar comissão externa da Câmara para acompanhar o caso de Bruno e Dom, criada nesta quarta-feira (15), reiterou que na coletiva a Polícia Federal confirmou que foram encontrados os corpos de Bruno e Dom. “Dois suspeitos do crime estão presos e pode haver um 3º suspeito. Tudo precisa ser bem apurado, inclusive se teve mandante”, afirmou.

O deputado Airton Faleiro (PT-PA) escreveu que era oficial a confirmação do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. “Quanta tristeza e revolta! É desolador ver tanta crueldade. Toda a nossa solidariedade às famílias. Dor e luto. Mas, essa batalha de Bruno e Dom não será em vão!”. Ele se referia a informação da morte dos dois, que chegou a ser divulgada no início da semana, mas desmentida em seguida pela PF.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que, quando informações desencontradas acabaram não confirmando a morte de Bruno e Dom, uma esperança ainda ficou. “Mas, a triste notícia que não queríamos ver chegou. Um crime bárbaro estimulado por governo que compactua com criminosos. Quem mandou matar Bruno e Dom?”, indagou.

Revolta

O deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou que recebeu com imensa revolta a revelação de que os restos mortais encontrados pela PF são de Bruno e Dom. “A brutalidade e crueldade indigna todos que tem compromisso com a vida e com a preservação das terras indígenas e seus habitantes! Que os mandantes sejam punidos”, defendeu.

Guimarães disse ainda que essa tragédia revolta e nos chama para a luta. “Preservar a vida dos povos indígenas e de seus defensores como Bruno e Dom é um dever ético de todos. O Brasil fica de cócoras e humilhado perante o mundo. O governo Bolsonaro humilha as famílias das vítimas! Basta!”, protestou.

Ainda na avaliação do deputado do PT cearense, o que é revelado por essa tragédia é de que a Amazônia está tomada pelos garimpeiros ilegais e invasores que devastam e matam sob o olhar silencioso do governo Bolsonaro. “O governo federal é o maior responsável, pois foi ele que desmontou os órgãos ambientais e de controle”, acusou.

“O crime tem digitais”

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) afirmou que “o crime tem as digitais do inominável que há tempos estimula a barbárie contra indígenas e ambientalistas. O que fleta com o crime e adotou como política de governo a destruição dos órgãos de controle”. Para Nilto Tatto “Basta!”.

Para o deputado Beto Faro (PT-PA), a negligência do governo federal diante deste caso, do combate ao desmatamento, sucateamento do Ibama e Funai, como também o consentimento com os atos de grilagem de terras, criam um clima de impunidade e são o aval para muitos outros crimes absurdos. “Recebi com muita indignação a confirmação da morte brutal do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Essas e outras mortes, nos fazem refletir sobre o papel que cada um de nós precisamos ter na defesa dos povos da Amazônia e também de todos os brasileiros”, afirmou.

Quem mandou matar?

“Acordamos e a sensação que fica é: Quem mandou matar Dom e Bruno?”, indagou a deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Ela disse que era bom lembrar que último ato de Bruno Araújo na Funai foi uma mega operação que destruiu 60 balsas de garimpo, “Bolsonaro se enfureceu, mandou e Sérgio Moro o exonerou. Agora entendem o descaso desse presidente? Entendem o desprezo a vida? Quem mandou matar Bruno e Dom?”, repetiu a parlamentar.

Justiça

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) pediu justiça por Bruno e Dom. “O assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips é o retrato fiel da barbárie em nosso País. Não podemos legitimar essa crueldade. Os mandantes e executores do crime precisam ser punidos com rigor”, defendeu.

Veja manifestação de outros parlamentares da Bancada do PT:

O deputado Afonso Florence (PT-BA) – “Meus sentimentos e solidariedade às famílias de Bruno Pereira e Don Philips, cruelmente assassinados por defenderem os povos originários e o meio ambiente. O presidente, novamente, faz fala associada ao crime. #QuemMandouMatarDomeBruno”.

Deputado Bohn Gass (RS) – “Os covardes mataram Chico Mendes, Dorothy Stang, Bruno Araújo e Dom Phillips, mas jamais matarão a nossa luta em defesa da Amazônia”.

Deputada Erika Kokay (DF) – “Bruno era um dos principais indigenistas do país, um gigante cheio de empatia, respeito aos povos indígenas e amor pela Amazônia. Seu canto será ecoado na defesa dos povos do Vale do Javari. Bruno Pereira, presente!”

Deputado Leo de Brito (AC) – “Confirmado o assassinato brutal de Dom e Bruno, vamos ao contexto. A ação política do Bolsonarismo de estimular e se omitir diante do banditismo predatório presente na Amazônia matou-os e vai matar muitos outros que lutam por justiça. Não é um caso isolado. É a realidade”.

Deputado Paulo Teixeira (SP) – “Dom Phillips e Bruno Pereira deram suas vidas para mostrar a importância da causa indígena e a crueldade de ter um presidente delinquente”.

Deputado Patrus Ananias (MG) – “Eles estavam trabalhando e lutando pela proteção de povos indígenas e da floresta amazônica. Estavam trabalhando e lutando contra as organizações criminosas que dominam aquela região, cometendo diversos tipos de crime e aterrorizando a população diante da ausência do Estado”.

Deputado Valmir Assunção (BA) – “Solidariedade à família de Bruno e Dom. Terminamos o dia com esse crime bárbaro, que expõe uma ferida profunda do nosso Brasil. A busca por Justiça é tarefa de todos os que defendem a democracia, a floresta amazônica, os povos que ali residem.  #JustiçaParaBrunoeDom”.

Os deputados petistas Alexandre Padilha (SP), Alencar Santana Braga (SP), Célio Moura (TO), Leonardo Monteiro (MG), Rubens Otoni (GO) e Rui Falcão também se pronunciaram em suas redes sobre o caso e pediram justiça por Bruno e Dom.

Informação da Polícia Federal

“Ontem à noite nós conseguimos que o primeiro preso neste caso, conhecido por Pelado, voluntariamente confessasse a prática criminosa. Durante a confissão ele narra com detalhes o crime realizado e aponta o local onde havia enterrado os corpos”, afirmou o superintendente regional da PF, Eduardo Fontes, em coletiva de imprensa ontem (15).

Fontes acrescentou que “nós não descartamos a hipótese de outras pessoas estarem envolvidas. Temos muito o que fazer no inquérito para coletar seguramente provas de autoria e materialidade.”

O material coletado será periciado em Brasília, e apenas depois de concluído esse processo as identidades das vítimas podem ser confirmadas.

As vítimas

Bruno Pereira era servidor público licenciado da Funai e trabalhava em parceria com as lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari desde 2019. No mesmo ano, ele foi exonerado do cargo de chefe da unidade do órgão indigenista no Vale do Javari, após ter apoiado operações de combate ao garimpo ilegal.

Dom Phillips era um prestigiado repórter internacional que morava havia 15 anos no Brasil, primeiro em São Paulo, depois na Bahia. Ele trocou a cobertura do mundo da música, na Inglaterra, para se dedicar aos problemas socioambientais no Brasil, com colaborações recorrentes ao jornal britânico The Guardian.

Antes do desaparecimento, Phillips foi levado por Pereira para fazer entrevistas com ribeirinhos e indígenas. O objetivo do repórter era conhecer de perto a realidade da região, onde os moradores sofrem com a pesca e a caça ilegais, o tráfico de drogas e o garimpo.

Desde 2019, quando se licenciou da Funai, o indigenista atuava em parceria com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), conduzindo um programa de vigilância e monitoramento do território e fortalecendo a autodefesa dos indígenas. Por isso, vinha sendo alvo de ameaças de morte dias antes do desaparecimento.

 

Vânia Rodrigues, com Brasil de Fato

 

 

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