Parlamentares criticam quinto aumento no preço dos combustíveis em 2021

Deputados petistas criticaram nesta segunda-feira (1º) o anúncio do quinto aumento no preço dos combustíveis neste ano, divulgado hoje pela Petrobras. O novo reajuste será de 4,8% na gasolina (R$ 0,1240) e de 5% (R$ 0,1294) no diesel nas refinarias. Somente em 2021 a gasolina já acumula alta de 41,5% e o diesel de 34,1%. A inflação no mesmo período foi 4,13%.

De acordo com o deputado Afonso Florence (PT-BA), diferente do que afirma Bolsonaro – que prefere jogar a culpa dos aumentos dos combustíveis no ICMS cobrado pelos Estados sobre os produtos – o governo Bolsonaro é o principal responsável por essa situação.

“A política de preços da Petrobras está errada. O governo Bolsonaro não gere os preços dos combustíveis, que é estratégico para o interesse nacional, porque deseja na verdade privatizar a estatal. O povo e a economia não suportam essa política de preços. É preciso alterar essa macroeconomia do governo Bolsonaro”, afirmou o deputado.

Pelo Twitter, o líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), denunciou que essa política beneficia apenas setores poderosos da sociedade. “Absurdo! Especuladores querem faturar até o último minuto! Bom pra bolsa de Nova York, péssimo para os brasileiros!”, observou.

O deputado Carlos Veras (PT-PE) lamentou pelo Twitter que esse novo aumento dos combustíveis, e no valor do gás de cozinha, vai tornar a vida da população ainda mais difícil. “O gás de cozinha – que já está pela hora da morte – ficará 5,2% mais caro a partir desta terça-feira (2). A gasolina terá o 5° reajuste do ano (4,8%) e o Diesel, o 4° (5,03%). Além disso, a conta do supermercado não fecha. Com toda a razão, o povo já apelidou o governo de Bolsocaro!”, afirmou.

Grande vilã

Para o Doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e assessor econômico da Bancada do PT na Câmara, Emílio Chernavsky, a política de preços da Petrobras é realmente a grande vilã dos sucessivos aumentos no preço dos combustíveis. Segundo ele, apesar de um ou outro estado ter reajustado o ICMS sobre os combustíveis recentemente, os sucessivos aumentos neste ano são reflexo direto da política de atrelamento à variação do preço internacional do petróleo.

O economista explicou ainda que essa variação reflete muito pouco no custo de produção dos combustíveis, mas que, ao ser repassado integralmente e de forma imediata ao consumidor, beneficia somente a própria Petrobras e o acionista majoritário da estatal (o próprio governo), além dos acionistas minoritários.

“Além de prejudicar o consumidor que precisa abastecer seu automóvel, esses aumentos sucessivos dos combustíveis acabam afetando toda a população e a economia do País. Esse aumento pressiona os custos de serviços que vão desde o transporte coletivo, táxis e os serviços de transportes por aplicativos, até os do frete de todas as mercadorias realizadas no País, principalmente por conta do aumento sobre o diesel”, destacou.

De acordo com Emílio Chernavsky, esses aumentos consecutivos acabam repassados para praticamente todos os produtos e serviços do País, prejudicando principalmente a população mais pobre. “Porque são esses que usam todo a renda que recebem para o consumo, enquanto os mais ricos usam apenas uma parte e utilizam o que sobra para fazer investimentos”, explicou.

Gasolina ou dólar a R$ 6

Em uma live transmitida pelas redes sociais, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) também criticou o quinto aumento consecutivo este ano dos combustíveis. “Como pode, um País que descobriu o pré-sal, que é autossuficiente em petróleo, e o combustível só aumenta? Esses bolsonaristas faziam protesto quando a gasolina estava em R$ 2,80 (na época do PT), e agora tem concurso na praça para saber quem chega os R$ 6 primeiro, se é o dólar ou a gasolina. Parece que vai ser a gasolina”, previu.

Já o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que esse novo aumento é mais uma infeliz certeza confirmada. “Neoliberalismo na veia: o mercado manda, seguindo a política iniciada por Michel Temer e continuada por Jair Bolsonaro”, apontou.

Política de preços na época do PT

O economista lembra, porém, que em um passado não muito distante o País experimentou uma estabilidade dos preços dos combustíveis durante os governos o PT. Ele explicou que isso foi possível porque a Petrobras adotou como política um colchão para amortecer os aumentos internacionais do valor do petróleo, de acordo com o interesse nacional.

“Quando o barril do produto e o custo de produção dos combustíveis aumentava no exterior, não se repassava esse aumento, ou se fazia muito pouco, e como compensação, quando o valor do petróleo internacional caía, o preço dos combustíveis mantinha o valor no País. Assim, tínhamos uma política para manter o valor dos combustíveis mais estável para o consumidor brasileiro”, ressaltou.

Héber Carvalho

 

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