Parlamentares acusam bolsonaristas de armarem mais um “teatro” contra o MST

CPI do MST, um palco para as mentiras dos bolsonaristas. Foto: Thiago Coelho

Em mais um teatro armado pela maioria bolsonarista na CPI do MST, dois ex-militantes do movimento do estado de Goiás prestaram depoimentos no colegiado nesta quarta-feira (9). Convidados pelo deputado bolsonarista radical Gustavo Gayer (PL-GO), Joviniano José Rodrigues e Noemia José dos Santos – assentados da Área 3 na fazenda Palmeiras, em Goiás (GO) – desferiram uma série de acusações contra o movimento, todas sem provas. Para os deputados petistas, ficou mais uma vez provado que a CPI tem sido um instrumento para a criminalização dos movimentos sociais que lutam pela reforma agrária no País.

Deputados Nilto Tatto e Valmir Assunção. Foto: Thiago Coelho

Durante o depoimento, Joviniano reforçou a todo momento as narrativas bolsonaristas de que o MST promove “invasões violentas”, pratica “extorsão” e se “apropria de bens de terceiros”. Os depoentes ainda relataram que foram vítimas de “perseguição”, “ameaças” e até de uma suposta “agressão”. O deputado Nilto Tatto (PT-SP) alertou que o depoimento desta quarta-feira é mais uma peça na narrativa elaborada pelos bolsonaristas na CPI para criminalizar os movimentos sociais que lutam em defesa da reforma agrária no País.

O petista fez essa observação após ter o seu pedido de divulgação de um vídeo negado no colegiado. Nele, o filho de Vanuza dos Santos de Souza – depoente que fez acusações na reunião de ontem (8) da CPI contra o MST – desmente a própria mãe.

“Essa CPI tem tomado um rumo que não ajuda na investigação. Traz pessoas que vem aqui para falar mentiras e não dá direito ao contraditório, como no caso do vídeo do filho da depoente de ontem que o presidente da CPI (deputado Tenente-Coronel Zucco/Republicanos-RS) impediu de ser mostrado. O que tem aqui (no depoimento de hoje) é disputa dentro do movimento, algo normal”, explicou o parlamentar.

Em seu depoimento Joviniano José Rodrigues confessou que entrou na justiça, junto com outros moradores do assentamento em que vive, para desmembrar a área em duas distintas para não mais fazerem parte do grupo que pertencia ao MST.

Parcialidade da CPI

Deputado João Daniel. Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados

O deputado João Daniel (PT-SE) ressaltou que esse depoimento é mais uma prova da parcialidade da CPI. “Esse casal hoje só tem terra graças ao MST. Aliás, todos os que eu conheço que fizeram denúncias contra o MST depois de arrependeram. Lamentavelmente, esse depoimento de hoje é a mesma coisa do que ocorreu ontem. Essa CPI demonstra mais uma vez que é parcial”, disse ao lembrar que dos 76 requerimentos apresentados pela bancada do PT na CPI, até hoje apenas três foram colocados em votação.

Já o deputado Valmir Assunção (PT-BA) alertou ao casal de denunciantes que eles estão apenas sendo usados pelos bolsonaristas para atacar o MST. Ele informou ainda que todas as acusações feitas terão que ser provadas perante a justiça.

“Tenho certeza que vai ter uma série de processos contra essas pessoas (que acusam o MST). Vem aqui apontar crimes e dizer: “eu não participei, mas ouvi dizer”, “acho que aconteceu isso e aquilo”. É claro que isso vai gerar processo. Eu quero saber se os deputados bolsonaristas vão pagar os advogados de vocês, porque o que vemos aqui é que a maioria não tem condições de se defender”, observou o petista sobre a manipulação dos depoentes.

Sobre os depoentes da reunião na CPI na última terça-feira (8), que acusaram Valmir Assunção de estar envolvido em supostos “crimes” ligados ao MST, o parlamentar anunciou que irá processar e pedir reparação.

“Eu nunca processei ninguém do movimento por conta de divergência, mas vou entrar com um processo contra essas pessoas que me difamaram ontem (na CPI). Sou assentado da reforma agrária, venho de uma família de oito irmãos, tenho um nome e vou defendê-lo”, avisou.

Os verdadeiros criminosos

Deputado Marcon. Foto: Thiago Coelho

Ao responder as acusações de deputados bolsonaristas, que a todo momento classificavam o MST como uma organização criminosa, o deputado Marcon (PT-RS) lembrou que os verdadeiros criminosos são ligados à extrema direita brasileira representada pelo bolsonarismo.

“Quem está na Papuda não é o movimento popular ou sindical, mas são os ‘patriotas terroristas’. Enquanto isso, os bolsonaristas dizem que os terroristas são de esquerda. Aqui vejo deputados (bolsonaristas) que me dão nojo. Essa é a CPI da fofoca e do relatório pronto. Só serve mesmo para os deputados bolsonaristas gravarem seus vídeos para suas redes sociais”, afirmou sobre a instrumentalização da CPI.

 

Heber Carvalho

 

 

 

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