Com menos de dois meses de testes em humanos, a Rússia registrou, na última terça-feira (11), a primeira vacina do mundo contra o novo coronavírus e anunciou que a aplicação da vacina desenvolvida no país será iniciada em duas semanas, e os médicos russos serão os primeiros a receber a imunização.
Para o ex-ministro da saúde, deputado Alexandre Padilha (PT-SP), “não importa” se a vacina é russa, chinesa, britânica, estadunidense ou alemã. “O que deve importar ao povo brasileiro é termos acesso à essa vacina. Para isso, ela não pode ser monopólio da empresa que vai produzi-la”, declarou em entrevista à Rede Brasil Atual.
O parlamentar defende a votação imediata do projeto de lei (PL 1462/2020) que estabelece o fim do monopólio de qualquer produto – vacina, medicamento, kit diagnóstico – que seja eficaz para o tratamento da covid-19. “Eu defenderei que o governo federal garanta recursos para todos os projetos de vacina em estágio avançado e com garantia de transferência de tecnologia e acesso pelo SUS”. Ele alerta que a vacina contra o vírus não pode ser alvo de guerra ideológica ou comercial. “É preciso aprovar a lei que assegura o acesso a todos.”
Soberania
Padilha, que é médico infectologista, analisa a corrida mundial em torno da produção de uma vacina contra o novo coronavírus. “Deter uma vacina, além de salvar vidas, significará soberania para a recuperação econômica nesta pandemia”, afirmou.
Há outras seis vacinas que já estão no último estágio de ensaios clínicos, e três delas estão sendo testadas no Brasil: a CoronaVac, da China, a vacina de Oxford e um imunizante fruto de uma parceria entre a BioNTech, da Alemanha, e a Pfizer, dos Estados Unidos.
Governo ineficaz
No Brasil, avalia o deputado, o cenário fica mais nebuloso em razão do descaso do governo federal em lidar com a pandemia. “Pode haver uma guerra da vacina no Brasil por falta de coordenação do Ministério da Saúde. Incapaz de coordenar esse processo, a ocupação militar no ministério está perdida neste assunto”, alertou Padilha, ao lembrar que o ministério é controlado interinamente desde 15 de maio por um militar, Eduardo Pazuello, que não possui experiência médica. “Cada estado, cada instituição pública, tem de correr por si só para tentar trazer essas inovações”, completa.
Lorena Vale com PT Nacional