O Brasil se aproxima a passos largos das 300 mil mortes por Covid-19. Já atinge atualmente 12 milhões de infectados, e é o 73º país no ranking mundial de vacinação, com apenas 6% dos brasileiros imunizados. Os números são do Conselho Nacional da Saúde (Conass) e do site Our World in Data, organizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, do Reino Unido.
Bolsonaro fora da Presidência da República e recorrer à ajuda internacional são as soluções apresentadas pelos deputados Jorge Solla (PT-BA), Alexandre Padilha (PT-SP) e Henrique Fontana (PT-RS) para evitar mais mortes causadas pelo descaso, abandono e negacionismo do governo brasileiro no enfrentamento da pandemia da Covid-19.
“Nós sabemos que um processo de impeachment demora meses e, estando com ele aberto, nós devemos, aí sim, gritar por socorro para todo o planeta. Infelizmente não há outra via”, lamentou Jorge Solla.
Para o parlamentar baiano, que já foi secretário da Saúde da Bahia, é impossível falar de isolamento social efetivo, sem que ao menos 70% da população permaneça em casa, sem um auxílio emergencial que garanta comida na mesa de todo povo brasileiro. “Tudo isso são políticas que o governo genocida não quer adotar. Sem derrubá-lo não há saída”, sentenciou Solla.
Ameaça global
O ex-ministro Alexandre Padilha lembrou que o Brasil “é a maior ameaça global em relação à Covid-19”. Para ele, o Congresso Nacional “precisa fazer um apelo internacional à Organização Mundial de Saúde e à ONU para que apoiem os governos regionais e locais do Brasil, apoiem a população brasileira a enfrentar esse genocídio que Bolsonaro nos impôs”.
Padilha citou como exemplo de desinteresse do governo em salvar vidas, o contrato de reserva dos imunizantes junto à OMS. Segundo o parlamentar, Bolsonaro solicitou apenas 46 milhões de doses quando poderia buscar cerca de 140 milhões de doses.
“Em nome do povo brasileiro, precisamos fazer um apelo mundial para que a OMS reveja esse contrato e ofereça ao Brasil mais uma vez 140 milhões de doses de vacinas mesmo contra a vontade de Bolsonaro”, defendeu o ex-ministro.
Inventário macabro
Para o deputado Henrique Fontana, que também é médico, a forma como Bolsonaro lida com a pandemia é um crime contra o futuro do Brasil. “O histórico do governo em relação à pandemia é um inventário macabro em que se misturam irresponsabilidade, incompetência, desleixo e desprezo pela vida humana”, criticou.
Crime de responsabilidade
Na opinião de Fontana, que já foi secretário de Saúde em Porto Alegre (RS), as omissões e atitudes protagonizadas por Bolsonaro “configuram uma série de crimes de responsabilidade que caracteriza uma postura genocida por parte do governo que minimizou uma doença global, incentivou a rebelião contra medidas de proteção social, desprezou a ciência e expôs a população à doença e à morte”.
Papel do Congresso
O parlamentar gaúcho defende que o Congresso Nacional se posicione no sentido de exigir que o governo cumpra os preceitos contidos na Constituição de 1988. “O Congresso precisa se levantar e exigir que Bolsonaro cumpra a Constituição, que garanta vacinas, leitos e recursos para salvar a vida dos brasileiros. É urgente, também, aprovarmos um auxílio emergencial que garanta comida na mesa, medidas de proteção de emprego e ajuda para que as pequenas e médias empresas não fechem as portas”, observou Fontana.
Pior momento
Dados do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) revelam que o Brasil enfrenta seu pior momento em relação à Covid. A última semana manteve o prognóstico de piora na pandemia e foi a mais letal e com maior número de casos de covid-19. O Brasil supera recordes diários da doença desde a terceira semana de fevereiro. Em sete dias, no último período, foram 15.661 mortes e 511.524 casos. Pela terceira semana seguida morreram mais de 10 mil brasileiros e, pela segunda semana, foram notificados mais de meio milhão de novos infectados.
Risco ao mundo
A onda avassaladora de coronavírus que se abate no País, faz com que o Brasil seja, hoje, um dos países que mais sofre restrições à entrada de seus cidadãos em vários países do mundo. A comunidade internacional vai se fechando quase que totalmente para o País, enquanto os vizinhos sul-americanos se articulam para fechar as fronteiras terrestres.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que o Brasil representa um risco para o continente e para o mundo. Com o vírus circulando com grande intensidade e sem medidas efetivas do governo central de combate ao vírus, criam-se as condições para o surgimento de novas mutações do coronavírus. O receio é o do desenvolvimento de resistência às vacinas que já existem e que já consumiram grande soma de recursos e estudos em escala mundial.
Mensagem de esperança
O epidemiologista da Universidade Johns Hopkins Eric Feigl-Ding, um dos responsáveis pelo monitoramento da Covid-19 no mundo, divulgou uma série de opiniões duras contra Bolsonaro.
“Quero oferecer uma mensagem de esperança ao povo do Brasil. O mundo vê as dificuldades que vocês passam. Conversei com colegas da OMS e também no governo norte-americano. O mundo não esqueceu de vocês, mesmo que seu líder as vezes o faça”, disse Eric Feigl-Ding.
Segundo o epidemiologista, Bolsonaro é a pessoa que líderes de todo o mundo precisam chamar e pressionar. “Ele está literalmente impedindo esforços para melhorar a situação. Se a crise continuar no Brasil, temo pela estabilidade do país”, preocupou-se o epidemiologista.
“Não acredito em destino fatal. ‘Não existe destino, se não o que construímos’. O Brasil precisa de ajuda, o Brasil precisa de mudança. O Brasil precisa de liderança que coloque a vida humana como prioridade, para colocar fim no sofrimento dos pobres. Que Deus e o mundo possa ajudar o povo brasileiro”, completou o cientista norte-americano.
Benildes Rodrigues com informações da RBA