O presidente da Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional, deputado Padre João (PT-MG), criticou nesta quarta-feira (7) a insensibilidade social do governo Bolsonaro diante do aumento vertiginoso da fome no País. O parlamentar defendeu a volta imediata do auxílio emergencial de R$ 600, para garantir condições mínimas de sobrevivência da população mais pobre no atual cenário de pandemia da Covid-19.
As consequências do governo neoliberal de Bolsonaro e Paulo Guedes são desastrosas e prejudicam a vida de milhares de brasileiros. “Precisamos urgentemente da volta do auxílio emergencial no valor de R$ 600 até o fim da pandemia. A população está passando fome, sem acesso ao alimento, ao gás de cozinha, enquanto Bolsonaro gasta R$ 2,4 milhões em suas férias em meio a maior crise institucional, sanitária e econômica do País! Seguiremos na luta contra a fome e pelo aumento do benefício”, destaca Padre João.
Segundo estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), realizado em dezembro do ano passado em 2.180 domicílios nas cinco regiões do país, 19 milhões de pessoas já passavam fome no País.
Quadro é grave
Em números totais, no período abordado pela pesquisa, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos. Desses, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave).
O elevado percentual foi agravado durante a pandemia, mas é também resultado das políticas dos últimos três anos. No governo Lula, em 2007, o Brasil saiu do Mapa da Fome, mas agora retorna de modo progressivo. Entre 2013 e 2018, segundo dados da PNAD e da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), a insegurança alimentar grave teve um crescimento de 8,0% ao ano. A partir daí, como mostra a pesquisa VigiSAN, a aceleração foi ainda mais intensa: de 2018 a 2020 o aumento da fome foi de 27,6%.
Auxílio emergencial de R$ 600
Como forma de amenizar o trágico crescimento exponencial da fome no País, Padre João defendeu o retorno imediato do auxílio emergencial de R$ 600, votado no ano passado pelo Congresso Nacional a partir de projetos inicialmente apresentados pelo PT e outros partidos de Oposição. Segundo o parlamentar, o atual auxílio que começa a ser pago a partir deste mês pelo governo Bolsonaro é insuficiente.
O valor médio do novo benefício será R$ 250. Porém, mais de 20 milhões de pessoas que moram sozinhas receberão apenas R$ 150, o que corresponde a R$ 5 por dia. Apenas mães provedoras de família receberão um pouco mais, R$ 375.
“Como se não bastasse esse absurdo, a Petrobras anunciou que, a partir de 1º de maio, o gás natural terá um reajuste de 32%. Ou seja, o valor do auxílio irá corresponder a um botijão de gás. A falta de políticas públicas desse governo permitirá que um grande número de pessoas não tenha acesso à quantidade suficiente de alimentos”, protestou Padre João.
Héber Carvalho