O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou nesta quarta-feira (9) que o esboço do Plano Nacional de Vacinação apresentado até agora pelo Ministério da Saúde do governo Bolsonaro “é igual saco vazio”: “Não para em pé”, comparou. A declaração ocorreu após reunião na Comissão Externa de Enfrentamento à Pandemia da Covid-19, que debateu o plano com representantes do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
“O ‘Plano’ de vacinação do Ministério da Saúde, apresentado na Comissão, é igual saco vazio, não para em pé. Primeiro, na largada já não se propõe a vacinar toda a população. Segundo, está acomodado com as poucas vacinas que têm. O tempo todo o representante do Ministério da Saúde dizia: ‘depende se tivermos vacina’, e com isso vai tirando a população brasileira do plano de vacinação”, acusou Padilha.
Durante a exposição do protótipo do plano de vacinação, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, repetiu os mesmo objetivos já apresentados na primeira versão do documento. Até agora, a meta do governo é realizar quatro fases de vacinação, contemplando apenas brasileiros que pertencem a grupos de risco.
O Plano Nacional de Vacinação apresentado pelo ministério prevê até agora quatro fases de vacinação. Na primeira fase seriam imunizados Idosos acima de 75 anos, trabalhadores da saúde, idosos em instituições de longa permanência (como asilos) e população indígena. Na segunda fase seriam vacinados idosos entre 60 e 74 anos.
Na terceira estariam pessoas com comorbidades – associação de duas ou de várias doenças que aparecem de modo simultâneo num mesmo paciente – entre elas a hipertensão (pressão alta), diabetes, cardiopatias e doenças renais crônicas. Por último, seriam vacinados os professores, forças de segurança e trabalhadores do sistema prisional. Na primeira versão do plano também estavam incluídos as pessoas privadas de liberdade, porém esse segmento foi retirado sem explicação.
Ao ser indagado pelo deputado Padilha sobre a garantia da vacina também para os brasileiros que estão fora dos grupos de risco, o representante do Ministério da Saúde disse que conforme o governo consiga adquirir os imunizantes a meta será ampliada.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde o Brasil já tem acordo para a compra de 100,4 milhões de doses com o consórcio que produz a vacina Oxford/Astrazeneca. Ele também afirmou que mais 42,5 milhões de doses devem vir do consórcio Covax Facility, idealizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que reúne governos e empresas de diversos países. O número está muito aquém do total de habitantes do País, estimado atualmente em mais de 212 milhões de brasileiros.
O representante do governo afirmou que o ministério está em negociação visando a compra de outras vacinas, como as das farmacêuticas Pfizer e Sinovac. Porém, se esquivou de marcar uma data para o início da vacinação e de estipular a quantidade total de vacinas que será adquirida pelo Brasil. Segundo ele, tudo depende do encerramento da terceira e última fase de testes e da liberação dos imunizantes pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa).
Héber Carvalho