A mídia pode desdenhar, mas não há como negar os avanços econômicos obtidos no primeiro ano do governo Lula.
Os números revelam que o Brasil está no rumo certo. Continua a pleno vapor o processo de reconstrução nacional, que em pouco mais de um ano já garantiu ao País conquistas impensáveis no período entre o golpe de 2016 e os quatro anos do governo militarista passado. Com Lula, a renda das famílias brasileiras cresceu 11,7% em 2023, a maior alta desde o advento do Plano Real, em 1994. No ano passado, conquistamos ainda a menor taxa de desemprego nos últimos dez anos. O salário mínimo teve aumento real.
Contrariando os prognósticos do “mercado”, a economia cresceu 2,9% em 2023, alçando o Brasil do 11º para o nono lugar no ranking mundial. Treze milhões de pessoas saíram da insegurança alimentar. Todos os indicadores sociais e econômicos melhoraram significativamente. Com estabilidade e novas regras tributárias e no campo fiscal, o País tornou-se atrativo a investimentos. Só a indústria automobilística anunciou inversões de mais de 100 bilhões de reais até 2028 ou 2029, o maior ciclo de investimentos da sua história, na esteira do anúncio, no fim do ano passado, do novo regime automotivo criado pelo governo Lula.
Plano internacional
No plano internacional, houve a reinserção do País, agora também reconhecido pelo papel na contenção ao desmonte da democracia patrocinado pelo ex-presidente inelegível e que culminou uma tentativa golpista em 8 de janeiro de 2023. Ao contrário do ocorrido nos EUA, conseguimos prender, indiciar e punir golpistas.
O abissal retrocesso na área ambiental promovido pelo governo passado foi revertido. O Brasil reassumiu seus compromissos internacionais com o combate ao efeito estufa, estabeleceu a meta de atingir o desmatamento zero até 2030, normalizou suas relações com os doadores do Fundo Amazônia, lançou a proposta inovadora da “Opep das Florestas Tropicais”, decidiu promover a COP-30 em Belém e reduziu a área desmatada na Amazônia em cerca de 60%. Institui-se novo marco de uma economia de transição verde e com metas claras de mitigação.
Nosso país retomou suas posições históricas na área de direitos humanos e passou a ter protagonismo nas relações internacionais. Reativou o Mercosul, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), organismos que haviam sido abandonados pelo ex-capitão. Também redinamizou a Organização do Tratado do Cooperação Amazônica (Otca), organismo regional estratégico para o desenvolvimento sustentável.
Reconquistamos ainda a condição de líderes mundiais em diferentes foros e,pela primeira vez, passamos a comandar o G-20, com uma agenda centrada no desenvolvimento sustentável. Nesse foro, o governo Lula conseguiu a façanha de inserir na agenda o debate sobre o combate às desigualdades, com ênfase na tributação dos super-ricos em escala global, na recente reunião de ministros da Fazenda e de presidentes de Bancos Centrais do G-20.
O grupo das 20 maiores economias mundiais ignora ou cuida do assunto combate às desigualdades marginalmente, mas agora o assimilou, dando ao Brasil protagonismo num tema de interesse de todos os povos. Internamente, por sinal, o País avançou nessa área, com a taxação de empresas offshores e dos fundos de investimento fechados, acessados só pela nata dos super-ricos, que agora passaram a ser tratados como outros contribuintes brasileiros.
Tributar os super-ricos
Os super-ricos do mundo precisam pagar tributos de forma compatível com suas fortunas. Hoje, os bilionários do planeta pagam uma alíquota efetiva de impostos equivalente a entre 0 e 0,5% de suas riquezas, conforme dados do EU Tax Observatory. Inadmissível esse privilégio. A despeito dos incontáveis avanços, a indústria de fake news da oposição distorce as conquistas e os fatos. O catastrofismo disseminado por redes sociais e por quem não tem compromisso com os interesses nacionais pode levar à falsa impressão de que o Brasil estaria à beira do colapso, fato desmentido pelas estatísticas.
É o caso, por exemplo, do lucro bilionário da Petrobras no ano passado, período em que encolheram os ganhos da petroleiras em todo o planeta. A estatal lucrou 124,6 bilhões de reais, segunda maior marca da história e superior à alcançada por petroleiras estrangeiras. Esse lucro excepcional, por certas abordagens disseminadas por rentistas, acabou passando para a opinião pública como “desastre”. Ora, a Petrobras é a petroleira que mais pagou dividendos aos acionistas em 2023, em comparação com outras cinco grandes companhias do setor: Chevron, BP, Total, Shell e Exxon Mobil. E vai continuar remunerando seus acionistas.
Combate as fakes news
Em tempos de fake news, a imprensa tem o papel central de informar corretamente, justamente para combater mentiras difundidas em diferentes redes sociais. Boas informações dificilmente aparecem no noticiário. Recente entrevista de Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), teve pouco destaque no Brasil. Ela acentuou o desempenho econômico do País como positivo para a economia global, assim como nossa posição vantajosa na transição para uma economia mais verde e as consequentes oportunidades industriais que podem surgir.
É preciso reconhecer, entretanto, que, apesar da melhora da maioria dos indicadores econômicos em 2023, a aprovação do governo permaneceu apenas estável no ano. Isso não surpreende numa sociedade polarizada e submetida a fake news e distorções do noticiário, inclusive sobre a questão de Israel. Mas avançamos, mesmo considerando que em pouco mais de um ano é implausível produzir de forma rápida e generalizada transformações profundas com efeitos favoráveis, em todas as camadas sociais, a percepção sobre o dia a dia, embora as sementes já tenham sido plantadas, para uma colheita em médio prazo. O balanço, como mostram os números, é positivo.
O governo recuperou sua capacidade de planejamento estratégico e de investimentos públicos para que, em parceria com a iniciativa privada, possamos desenvolver o País com justiça social e respeito ao meio ambiente.
Artigo publicado originalmente na revista Carta Capital
*Deputado federal por Minas Gerais e líder da bancada do PT na Câmara.