Deputados do PT na Câmara manifestaram-se contrários à medida provisória (MP 648/14) que flexibiliza a Voz do Brasil e alertam que o objetivo real da mídia comercial é acabar gradativamente com o programa. A proposta autoriza a transmissão do programa em qualquer horário entre 19 e 22 horas, embora, originalmente, a liberação valesse apenas para o período da Copa do Mundo. A flexibilização geral, não apenas durante a Copa, foi incluída no texto da MP pelo relator Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
O deputado Fernando Ferro (PT-PE) avalia a proposta como “inaceitável” e critica o mercado que quer se apropriar desse “tempo de cidadania” que representa o programa. “Isso é uma articulação dos grupos de mídia privados que querem se apropriar desses espaços e estão criando mecanismos para, gradativamente, acabar com a Voz do Brasil. O interesse dessas corporações é, inclusive, privar a população de várias regiões do Brasil das informações que são divulgadas pelo programa. Essa é a verdade”, enfatiza Ferro.
Para o deputado Emiliano José (PT-BA), a Voz do Brasil já se consolidou “há décadas como uma tradição cultural brasileira” e a “estratégia claríssima” da mídia privada com esta proposta de flexibilização é “dar o primeiro passo” para acabar de vez com o programa. “O povo brasileiro já se acostumou ao programa e ao seu horário. A Voz do Brasil é um canal importante de divulgação de muitas informações que não saem na grande mídia e o que esta quer é calar outra voz, entre tantas que já calou, para diminuir a diversidade de expressões na sociedade brasileira”, argumenta Emiliano.
Outro que se manifestou contra a flexibilização foi o deputado Luiz Couto (PT-PB), inclusive fazendo menção à proposta original. “Há um ‘jabuti’ na medida provisória colocado pelo relator, que agora amplia e quer a flexibilização geral e não apenas durante a Copa. Nós somos contrários a isso. O programa A Voz do Brasil é histórico. O povo simples escuta e acompanha o programa. Não se muda aquilo que historicamente está sendo importante para a vida do nosso povo”, afirmou Couto.
A medida provisória está na pauta de votações do plenário da Câmara para esta semana, mas deputados petistas vão tentar impedir a sua deliberação.
Rogério Tomaz Jr.