O País piorou em tudo, e o povo brasileiro é a principal vítima do Golpe de 2016

Dilma, em 2016, afirmou que o País ficaria à deriva e o povo sofreria as consequências do golpe. Foto: Roberto Stuckert/Arquivo

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta terça-feira (31) para analisar como está o País hoje, cinco anos depois do golpe que retirou do poder a presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff. O deputado Rogério Correia (PT-MG) fez uma rápida comparação entre o governo Dilma e o atual governo e afirmou: “Se conferirmos índice por índice, veremos que o Brasil piorou. Em cinco anos, meteram a mão na aposentadoria do povo, no emprego com carteira assinada, meteram a mão na indústria nacional. Aqui não dá tempo de falar de todos os retrocessos, mas dá para falar que o povo brasileiro tem que pedir perdão à presidenta Dilma”, avaliou.

Rogério Correia citou ainda que no governo Dilma a gasolina custava R$ 2,40, agora, ela está passando de R$ 7. “Corrupção? O que encontraram da Dilma? Nada! Uma mulher proba, correta, enquanto esse outro está aí, cheio de rachadinha com os filhos dele, com um motoboy sacando milhões e entregando para fazer corrupção no Ministério da Saúde: 1 dólar por propina na vacina”, citou.

As contas públicas, continuou Rogério Correia, “há rombos e mais rombos, inflação, câmbio, atividade econômica, emprego — passamos de 15 milhões de desempregados —, renda, nada escapa. Em cinco anos, piorou tudo”, reforçou. Ele disse ainda que piorou na área cultural, na área ambiental, “a ponto de termos, por tanto tempo, o ministro do Meio Ambiente, conhecido como motosserra pelos próprios madeireiros”, criticou.

Foto: Cleia Viana/Camara dos Deputados

Um País à deriva

O Brasil está à deriva, está desmoralizado. O preço do gás está nas alturas e os alimentos estão cada vez mais caros. Assim o deputado Leo de Brito (PT-AC) resumiu a situação do País após os cinco anos do golpe que retirou da Presidência da República uma presidenta legitimamente eleita, honesta e que não cometeu crime de responsabilidade. “Naquela época dizia-se que o Brasil ia melhorar, que a vida das pessoas ia melhorar. Mas, na verdade, o que aconteceu é que a vida verdadeiramente piorou. Quem era rico foi para a classe média; muitos que estavam na classe média, hoje, estão na pobreza”, observou.

Leo de Brito citou que hoje o Brasil é um País com 15 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados, 33 milhões de pessoas subutilizadas. “O Brasil está voltando para o mapa da fome. É esse o desastre que o Brasil tem tido nos últimos 5 anos da entrega das riquezas nacionais do pré-sal, das privatizações. É esse o Brasil que deixa os principais biomas serem queimados, agora no governo Bolsonaro, e o desmatamento aumentar no Cerrado, no Pantanal e na Amazônia. É esse Brasil que vai completar, provavelmente, nesses dias 580 mil mortos por um desgoverno que está instalado hoje”, denunciou.

Deputado Leo de Brito. Foto: Cassisplay/Divulgação

Golpe nunca mais

O deputado Pedro Uzai (PT-SC), ao comentar sobre eesse momento histórico, afirmou que o que se coloca para o País é a reafirmação: “golpe nunca mais, ditadura nunca mais, democracia sim, e reconstrução deste País!” Ele avaliou ainda que, diante do que ocorre hoje, com crise sanitária, quase 600 mil mortos, “nesse genocídio humano patrocinado por Bolsonaro e seus asseclas, desigualdade, miséria, desesperança e inflação, contas de energia, de combustível e de gás aumentando a desesperança, cabe a nós brasileiros defendermos a democracia e a reconstrução deste País, de um Brasil que seja respeitado, e que todo o povo brasileiro escolha seus dirigentes, escolha seus comandantes de forma sagrada, soberana e democrática”.

Pedro Uczai citou ainda o livro, editado por ele, chamado “Autoritarismo Líquido: o Golpe no Brasil”, no qual destaca o papel do Judiciário, dos meios de comunicação, das ruas e do Parlamento na produção desse golpe. “Portanto, essa reflexão histórica serve para fazer uma avaliação crítica sobre os resultados do golpe, sobre a agenda produzida, com Michel Temer e Bolsonaro, após o golpe: uma agenda neoliberal com Reforma Trabalhista roubando direitos dos trabalhadores; Emenda Constitucional nº 95, congelando investimentos na saúde, na educação, na assistência, na infraestrutura; com Reforma da Previdência, deixando milhões de brasileiros ou não se aposentando ou se aposentando mal”, enumerou.

Deputado Pedro Uczai – Foto – Michel Jesus- Câmara dos Deputados

Para onde caminha o País?

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que se alguém algum dia acreditou que havia pedaladas, imagina como é que se sente hoje. “Eu vou tentar explicar brevemente: Em 2002, o Brasil tinha 26,7% da população pobre. Em 2014, no governo da presidente Dilma, eram 8,4%, ou seja, mais de três vezes menos. Dez por cento da população estava desempregada em 2002. Caiu para 4,7% em 2011, o primeiro ano do governo Dilma Rousseff. A cesta básica custava, em São Paulo, em 2002, 79,4% do salário mínimo; em 2014, 48,9%. Sessenta e um vírgula sete por cento da população entre 16 e 59 anos de idade tinham cobertura previdenciária. Isso pulou para 72,6%”.

Chinaglia enfatizou que esses são apenas alguns exemplos daquilo que foi transformado no Brasil de hoje. “Depois de uma Reforma Trabalhista, uma Reforma da Previdência, a terceirização de atividades-fins, e também as privatizações, o resultado é que o Brasil hoje passa por várias situações que demonstram o tanto que a vida dos pobres piorou. A média de preços de cesta das famílias sobe 33% em 12 meses. Eu vou dar dois exemplos: no caso do óleo de soja, 80%; do etanol, 50%. E esse sentido, nós temos que refletir para onde caminha o Brasil, porque além da inflação, além do gasto demasiado com alimentos, há menos da metade da população brasileira em idade de trabalhar tendo qualquer tipo de ocupação”, criticou.

Na avaliação do deputado Chinaglia, a situação ainda vai piorar porque o País tem um presidente que, ao invés de procurar arrumar saídas para o Brasil e também para a população brasileira, ameaça outros Poderes, coloca tanque na rua para impressionar, possivelmente, a Câmara e o Supremo Tribunal Federal. “Portanto, nós temos que retomar uma luta constante pela democracia do povo brasileiro”, defendeu.

Deputado Arlindo Chinaglia. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Cúmplices do golpe

O deputado Padre João (PT-MG) enfatizou que o golpe não foi só contra a presidenta Dilma. “O golpe foi contra as trabalhadoras e os trabalhadores do campo e da cidade. Deram o golpe, aprovaram o teto de investimentos, o teto de gastos através da Emenda Constitucional nº 95, e, assim, houve um ataque à educação, à saúde, à assistência, à reforma agrária, à titulação de terras para os indígenas, para os quilombolas, para os extrativistas. Abriram as porteiras para os ruralistas, para as mineradoras, para as empresas do agrotóxico, do veneno. Houve um ataque ao povo brasileiro, um golpe à soberania nacional e ao povo brasileiro”, lamentou.

Padre João citou ainda que hoje mais de 20 milhões de brasileiros passam fome e mais de 120 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar. Mais de 20 milhões de trabalhadores estão desempregados, somando os desalentados. Destacou que houve um retrocesso no orçamento da educação. “Acabaram com programas como o PAA e o PNAE e com o crédito fundiário. O golpe foi contra o povo brasileiro. A fome e a miséria reinam no País, graças ao golpe. E muitos colegas aqui são cúmplices do golpe, cúmplices do genocídio, cúmplices do desmonte do Estado brasileiro. A PEC 32 ataca o Estado brasileiro por dentro, no que é essencial, no que é fundamental, que são os servidores públicos municipais, estaduais, do DF e da União. Então, é um crime continuado”, acusou.

Deputado Padre João. Foto: Gabriel Paiva/Arquivo

Serenidade e altivez

A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), ao falar dos cinco anos do golpe, relembrou a serenidade e altivez com que a presidente Dilma enfrentou a situação. “Ao antever o golpe, com toda a serenidade e altivez, recebeu todas as críticas, as ameaças, as injúrias, as difamações e em nenhum momento articulou as Forças Armadas, as polícias dos estados e nem colocou a democracia do Brasil em risco”, citou. A deputada enfatizou que a ex-presidenta Dilma tem todo o seu respeito por ser mulher, por ser cidadã e por ter tanta honradez. “Tudo o que aguentou neste País foi de cabeça erguida e com muita força”, completou.

Em contrapartida, continuou Rosa Neide, neste momento do País, “vemos um barulho forte por parte do presidente da República convidando a população para ir às ruas no 7 de setembro, quando historicamente comemoramos a nossa independência — que é política e nunca foi econômica, de fato”. “Percebe-se que este governo está convocando o povo para ir às ruas com o maior preço dos últimos anos da cesta básica, com as dores da população na pandemia, com o sofrimento do nosso povo sem ter uma política para resolver essas questões. Ele chama o povo para invadir o Congresso, para destruir o STF e chama isso de democracia”, criticou.

Deputada Rosa Neide. Foto: Lula Marques

Injustiça

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) destacou a injustiça do golpe contra a primeira mulher presidenta deste País. Ele relatou que tem visitado vários municípios paulistas. “Há uma reclamação generalizada da carestia que tem afetado muito a população. O curioso e triste é que escutei isso de várias pessoas em agendas diferentes, de partidos diferentes, de forças políticas diferente”. O deputado apontou ainda a ausência de política governamental em função da pandemia, tanto de Bolsonaro como também do governador do seu estado, que levou muitos agricultores familiares à fome e à miséria. “Toda essa realidade de fome e de miséria, de desemprego, de falta de fiscalização que aumenta o desmatamento, sem apoio à agricultura familiar, é decorrência desse golpe que foi dado há 5 anos”, denunciou.

A população já entendeu

Ao falar do golpe, o deputado Frei Anastácio (PT-PB) avaliou que a situação do Brasil piorou com a chegada de Bolsonaro ao poder. “Além de ataques à democracia, ele (Bolsonaro) destrói o Brasil e atenta contra o País com ameaças de golpe. Mas a população já entendeu que precisa mudar todo esse cenário caótico instalado no Brasil a partir do golpe contra Dilma. Depois desse golpe, o Brasil só fez piorar em todos os cenários. O povo é a principal vítima de todo esse desastre governamental golpista de Bolsonaro”, afirmou. Ele acrescentou que a Pátria precisa ter um presidente que se preocupe com o sofrimento da Nação. “E eu tenho certeza de que o presidente Bolsonaro não é o presidente para este País”, completou.

Deputado Frei Anastácio. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Vânia Rodrigues

 

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