De acordo com o jornal O Globo, o Ministério da Saúde vai recontar os números de mortos vítimas da covid-19 no Brasil. Segundo Carlos Wizard, que já despacha na pasta e que assumirá a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, os números, que nessa sexta-feira (05) chegou a 35.036 mil, seriam “fantasiosos ou manipulados” apesar de diversas pesquisas já terem demonstrado que os casos de infectados seriam 16 vezes maior do que é divulgado, e do próprio Ministério da Saúde ter admitido, em outras gestões, que há um grande número de subnotificações.
“O método do Bolsonaro, de combate à pandemia, é a negação. Sem condições de esconder os corpos que se avolumam em progressão geométrica, o Ministério da Saúde decidiu que vai recontar os mortos por achar que mais de 35 mil é um número inflado. Apenas reforça a deliberada omissão”, denunciou o líder da Bancada do PT na Câmara, Enio Verri (PR).
Enio Verri afirmou ainda que se o Ministério da Saúde fizer a recontagem dos mortos atingidos pelo novo coronavírus de forma “científica e séria deve encontrar muito mais mortos do que os números apontam hoje”. E que essa decisão demostra duas coisas, “primeiro que o Ministério da Saúde não tem controle nenhum e segundo que esse governo é absolutamente incompetente e vai encontrar o número da sua incompetência quando levantar de fato aqueles que morreram atingidos por uma pandemia que não teve atenção do governo em momento algum”.
O deputado e médico Jorge Solla (PT-BA) denunciou que no momento em que o Brasil perde o controle da pandemia e joga no lixo o controle que conseguimos no início, impulsionando uma trajetória genocida que, se não for freada, nos levará a contar centenas de milhares de mortos, o governo Bolsonaro decidiu atacar os fatos. “Dificulta a divulgação dos já subnotificados números oficiais de mortos e infectados, e agora também questiona a validade das informações. Quer legitimar uma narrativa fake, fazendo da mentira uma política pública”.
Para o parlamentar a atitude de Bolsonaro não surpreende já que foram eleitos assim, com notícias falsas. “A verdade é o principal inimigo desse governo. Nesse cenário, nós, o Congresso Nacional, temos a obrigação institucional de resgatar a credibilidade dos dados oficiais, organizando e divulgando as informações a partir do parlamento, em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)”.
Indignado com a notícia, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que também é médico, defende um acompanhamento oficial independente do Ministério da Saúde. “A atitude deste secretário Fake revela, antes de mais nada, o seu mau-caratismo chegando ao ponto de mentir para tentar atenuar a atitude genocida do governo, que ele fará parte. Eu creio que é nossa responsabilidade fazer um acompanhamento oficial, mas é independente do Ministério da Saúde, porque parece que é uma pré-condição para agradar ao Bolsonaro. É colocar uma canalhice em primeiro lugar”.
Essa não foi a única tentativa do governo Bolsonaro de dificultar a divulgação de dados sobre a pandemia do coronavírus, o governo retirou do ar o site que continha o número total de mortos e contaminados pela doença, informações que eram divulgadas pelo Ministério da Saúde desde início da pandemia. Nos últimos dias, o governo tem atrasado a divulgação do balanço sobre o coronavírus com o objetivo de prejudicar a veiculação nos telejornais em horário nobre.
Para o médico e deputado Alexandre Padilha (PT-SP) não divulgar dados é um método da disputa política utilizado pelo bolsonarismo. “O próprio Estado e o Ministério da Saúde começaram a não só divulgar Fake News, mas promover Fake News, além de fazer uma campanha muito concreta para omitir e esconder informações. Nós chegamos no ápice entre o dia de ontem e hoje de uma decisão por parte do presidente Bolsonaro de tirar o portal da COVID-19 de circulação.
Padilha lembra que o Brasil é o segundo país no mundo em número de casos, terceiro no número de mortes e, da semana passada pra cá, o primeiro no mundo em número de mortes por milhão de habitantes. Além disso, estamos em 125º em relação a realização de testes por um milhão de habitantes.
Lorena Vale com agências