O Congresso Nacional criou nesta quarta-feira (3) a Frente Parlamentar da Vacina (FPV), num ato que coincidiu com a operação da Polícia Federal para apurar fraude do ex-presidente Jair Bolsonaro em cartões de vacinação da Covid-19. A Frente, suprapartidária e integrada por deputados e deputadas federais e senadores, tem o objetivo de pautar temas importantes na busca pela reconquista da alta cobertura vacinal no País e o controle e erradicação de doenças que podem ser evitadas via vacinas.
Eleita como vice-presidente, no âmbito da Câmara, a deputada Ana Pimentel (PT-MG) ressaltou a importância da iniciativa, num momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trava uma luta para resgatar conquistas destruídas pelo governo anterior, entre elas a cobertura vacinal da população. Lembrou, por exemplo, que o Brasil “tem a pior situação da Covid-19 no mundo”, proporcionalmente: com menos de 3% da população mundial, teve 11% de mortes pelo coronavírus durante a pandemia.
A deputada assinalou que hoje o Brasil foi surpreendido pela operação da Polícia Federal para investigar a fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro, que não foi apresentado por ele no momento em que foi cobrado. A deputada frisou que o ex-presidente atrasou a compra de vacinas contra a Covid- 19, negou a ciência todos os dias e, assim, provocou milhares de mortes no país que poderiam ter sido evitadas.
“Nós não nos esqueceremos, vamos nos lembrar todos os dias que ele atacou a ciência, atrasou a compra de vacinas, confundiu e mentiu para a população brasileira”, afirmou.
Governo genocida
A deputada denunciou que ao longo dos últimos anos, o Brasil sofreu um “completo descaso” com relação à vacinação. “O que aconteceu nos últimos anos com o Programa Nacional de Imunização foi gravíssimo”, disse. “O Brasil, que já foi o país mais estruturado nas campanhas de vacinação do mundo, está com dados alarmantes”.
Segundo Ana Pimentel, o País é hoje o segundo pior das Américas com relação à cobertura vacinal das crianças. “Doenças que foram evitadas, doenças que haviam sido eliminadas nos últimos anos correm grave risco de retornarem ao Brasil”, alertou. “Tivemos um presidente da República que fez campanha quotidianamente contra a vacinação no nosso País e, durante a maior crise sanitária, que foi a crise da pandemia da Covid-19, negou a importância das vacinas todos os dias; atrasou deliberadamente a compra de vacinas, o que causou mortes.”
Segundo Ana Pimentel, o papel da Frente Parlamentar será estratégico para tratar de questões relacionadas à saúde pública e ao Sistema Único de Saúde (SUS), defendendo as vacinas, a ciência e a vida da população brasileira. “A saúde é um direito constitucional de todo o povo brasileiro, mas é preciso lutar e defender mecanismos que garantam o acesso da população aos instrumentos disponibilizados pelo governo, bem como prezar pela qualidade dos mesmos”, afirma ela.
Recuperação das campanhas de vacinação
A deputada Ana Paula Lima (PT-SC), ao participar do lançamento da Frente Parlamentar, destacou a importância da recuperação do processo de vacinação do País, atividade que foi praticamente abandonada pelo governo anterior, provocando a volta de doenças que já haviam sido erradicadas. Os deputados Bohn Gass (PT-RS), Reimont (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG) também reforçaram a importância da retomada das campanhas de vacinação.
O colegiado será presidido pelo deputado Daniel Soranz (PSD-RJ). No Senado, a vice-presidência será de Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).
Na solenidade de lançamento da Frente Parlamentar da Vacina, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, compareceram, do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, e Eder Gatti Fernandes, do Departamento de Imunizações; o presidente da Anvisa Antonio Barra Torres; e a diretora da representação da Fiocruz em Brasília, Fabiana Damásio. A cerimônia contou também com o Zé Gotinha, personagem do Ministério da Saúde para incentivar a vacinação no País.
Redação PT na Câmara