Enquanto o terceiro ano do mandato de Jair Bolsonaro vai chegando ao fim, se aproxima o início de um período delicado da República: o ano eleitoral. Nesta época, setores econômicos e a imprensa corporativa tendem a criar um clima de instabilidade associada à possível vitória de candidatos que não representam seus interesses, favorecendo àqueles que atuariam à seu favor.
Em 2022, ao presidente da República, ainda caberá tentar à reeleição, o que é sempre um fator de desequilíbrio nas urnas. Até agora, no entanto, as pesquisas não apontam favoritismo de Bolsonaro, pelo contrário, está cada vez mais distante do líder de intenções de voto, um conhecido do povo brasileiro, que já governou o País e vem mostrando que pode voltar a fazê-lo.
Lula lidera todas as pesquisas, vencendo no primeiro turno em algumas delas, mas a disputa pela presidência nunca são favas contadas e ele sabe disso. O ex-presidente que deixou o cargo com a mais alta taxa de aceitação da história, está ciente de que a grande imprensa não irá lhe conferir qualquer espaço, a não ser para atacá-lo – por isso decidiu estreitar o diálogo com canais alternativos, a mídia local e os grandes veículos internacionais.
Enquanto as famílias que controlam os meios de comunicação no Brasil se dividem entre apoiar a reeleição de Bolsonaro ou um candidato da terceira via, mesmo que nenhum deles tenha apresentado propostas concretas para o País, Lula consegue furar a bolha e explicar com clareza e propriedade, o que pode e o que deve ser feito para enfrentar os principais problemas do País. Mas ele não para aí: também sabe como fazê-lo.
É o que o ex-presidente mostrou em entrevista à um dois podcasts mais ouvidos do Brasil. Na ocasião, defendeu o direito do trabalhador comer camarão, uma vez que é ele quem pesca; o direito do trabalhador usar um aparelho de celular de última geração, já que é ele quem produz e assim por diante. Como já vimos em seus governos anteriores, Lula não tem o perfil de alguém que possa ter um rompante autoritário e instaurar uma ditadura, como é o caso de Bolsonaro. É o contrário, sabe escutar e falar com o povo.
Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)