O evento na Câmara dos Deputados marcou os 80 anos de nascimento do ambientalista.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) participou da homenagem ao legado de Chico Mendes na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (4/7), e compartilhou um testemunho pessoal sobre a influência de Chico Mendes em sua vida e trajetória política. O evento marcou os 80 anos de nascimento do ambientalista.
“O grande legado de Chico Mendes vem do movimento sindical e da luta social que incorpora a agenda ambiental”, afirmou o deputado.
Chico Mendes foi um seringueiro e ativista ambiental conhecido mundialmente por sua luta em defesa da floresta amazônica e dos direitos dos trabalhadores seringueiros. Ele fundou o Conselho Nacional dos Seringueiros em 1985 e promoveu a criação de reservas extrativistas para uso sustentável da floresta. Assassinado por fazendeiros em 1988, seu legado continua a inspirar movimentos ecológicos e de justiça social globalmente.
Seringueiros
Nilto Tatto relembrou suas origens humildes como filho de camponeses e sua chegada a São Paulo aos 15 anos, onde se envolveu com a Igreja Católica e a comunidade eclesial de base. Foi nessa época, na luta pela melhoria dos serviços públicos na periferia da cidade, que ele se integrou à construção do Partido dos Trabalhadores (PT).
Em agosto de 1988, Tatto passou duas semanas em Rio Branco, no Acre, colaborando com o recém-criado Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), onde teve a chance de conviver com figuras icônicas como Chico Mendes, Raimundão, Osmarino e Amancio.
Ele recordou como o ativista ambiental, apesar das ameaças constantes, mostrava uma postura “sensível, calma e valente, sempre preocupado em capacitar e formar as pessoas ao seu redor”. Tatto enfatizou a importância de Chico Mendes para o movimento ambientalista internacional, conseguindo integrar as lutas sociais e ambientais, algo que deixou uma marca profunda em sua própria visão política.
“Chico Mendes é tão importante para a gente, ele é fundamental. Aquilo abriu um horizonte para mim de como a gente incorpora, não só a luta pela pauta ambiental, mas o cuidado com a biodiversidade, com a floresta, das pessoas que vivem da floresta, de entender que nas florestas existe gente. Nem todo mundo tinha essa dimensão”, relembrou.
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Reconhecimento
Ângela Mendes, filha de Chico Mendes e presidenta do Comitê Chico Mendes, também participou da homenagem. Ela agradeceu o reconhecimento ao legado de seu pai e ressaltou que, ao comemorar os 80 anos de Chico Mendes, também se celebra o fato de que “suas ideias e sementes continuam vivas”.
Para Ângela a presença de jovens indígenas, ribeirinhos, quilombolas e extrativistas no evento, representa a continuidade da aliança dos povos da floresta, uma iniciativa liderada por seu pai e Ailton Krenak na década de 1980.
A homenagem não só reafirmou a importância do legado de Chico Mendes, mas também inspirou os presentes a continuar a lutar por um Brasil mais justo e sustentável, honrando a memória de um dos maiores defensores das causas sociais e ambientais do país.
Lorena Vale