Em 2015, recém-eleita para o segundo mandato, a presidenta Dilma Rousseff nomeou Joaquim Levy para o ministério da Fazenda. O nome agradava ao mercado e tinha sido escolhido com o objetivo de apagar qualquer dúvida sobre a confiança do governo junto ao setor. Ao contrário da tradição progressista na gestão pública, Levy encampou uma política de austeridade no campo social e de isenções e benefícios para diversos segmentos da economia. O resultado das medidas adotadas todos conhecem bem.
Eram as medidas defendidas pelo mercado, mas isso já não bastava e uma crise econômica se instalou por diversos fatores, entre eles o fracasso das isenções e o terror produzido pelo próprio mercado, que não queria mais apenas ser beneficiado por programas e recursos públicos, mas determinar a política econômica. Ainda que a conjuntura atual seja bastante distinta, com o País em franco crescimento, geração de emprego e renda, bem como a retomada de programas sociais, uma questão não mudou: o apetite do setor financeiro de controlar a economia do Brasil.
Quando no mês passado o ministro Fernando Haddad anunciou um pacote com cortes de gastos e ajuste fiscal, como sempre preconizou o mercado, o setor financeiro retomou sua estratégia de terrorismo econômico, mesmo tendo sido mais beneficiado do que as parcelas mais pobres da população. Uma das principais ferramentas utilizadas para criar este terror tem sido a afirmação de que o capital estrangeiro está deixando o Brasil, por conta de uma suposta insegurança a longo prazo. O que eles não contam é que os recursos estrangeiros que movimentam a Bolsa de Valores são extremamente voláteis e sensíveis a questões externas, ou seja, ele flutua para onde os rendimentos de curto prazo forem maiores. Ainda assim, o saldo no governo Lula é positivo.
Se quisermos falar da confiança dos investidores no futuro, deveríamos nos pautar por investimentos estrangeiros de médio e longo prazo, os chamados Investimentos Diretos no País, que estão batendo recordes, mas a demanda do mercado não é para que haja investimentos diretos (aqueles que efetivamente geram emprego e renda), corte de gastos, responsabilidade fiscal ou saneamento das contas públicas e parece que nunca foi. É sobre a submissão do Estado aos caprichos do capital financeiro.
(*) Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)