(*) Nilto Tatto
Em 2023, o Brasil assistiu a um fenômeno até pouco inimaginável: após a seca e as queimadas que dizimaram boa parte do Pantanal em 2021, foi a vez da Amazônia sofrer com a falta de chuvas. Eu nunca pensei, por exemplo, que veria alguém atravessar o majestoso rio Solimões, um dos mais importantes da Bacia Amazônica a pé. Estes eventos contrastam com as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul e o Maranhão neste ano, ou o Estado de Pernambuco em 2022, como tantos outros. Segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial, pelo menos 12 eventos extremos atingiram o Brasil só no ano passado.
Tais episódios precisam servir de alerta não apenas para a comunidade científica, mas para as populações das florestas, das águas, do campo, das cidades e principalmente para os tomadores de decisões. Muitas pessoas pensam que estão protegidas pois não moram perto de encostas, de rios ou do mar; outros acreditam que sua condição financeira privilegiada garantirá que sigam suas vidas normalmente, mas estão enganados. Embora os eventos climáticos extremos tenham consequências mais graves para as populações de baixa renda, em maior ou menor grau todos somos afetados.
Com as imagens da destruição no Rio Grande Sul frescas na memória não há como negar os impactos das Emergências Climáticas nos centros urbanos. Da mesma maneira, é óbvio que secas prolongadas prejudicam a produção de alimentos, que atingem não apenas o campo, mas especialmente as cidades, onde se concentram os grandes consumidores. Não é portanto um problema restrito ao campo ou à florestas distantes, mas de toda a sociedade brasileira. É neste sentido que todas as esferas de governo, Federal, Estaduais e Municipais têm responsabilidade ímpar, assim como tem os parlamentos.
Quando prefeitos e governadores deixam de aplicar recursos na prevenção de desastres ou quando deputados e senadores votam projetos que flexibilizam o Código Floresta e a preservação ambiental, estão atuando não apenas contra os interesses do povo que representam, mas contra sua própria existência. Fiquem alertas – cobrem seus representantes por ações efetivas e imediatas pela preservação do meio ambiente e da vida. Não há um Planeta B.
(*) é deputado federal (PT-SP)