Pouco se ouve de membros da equipe de Bolsonaro, ou do próprio presidente, sobre planos ou projetos de geração de emprego e renda. Na cartilha do ministro da economia, Paulo Guedes, encontramos apenas a sanha de privatização de empresas públicas, cujas conseqüências imediatas tem o efeito contrário ao desejado pelo povo brasileiro, ou seja, precederão ainda mais demissões.
Além do papel estratégico no desenvolvimento do País, as estatais brasileiras são sabidamente grandes empregadoras diretas e indiretas, sejam os Correios, a Eletrobrás, a Petrobrás, o Banco do Brasil como tantas outras. Num país com 14,8 milhões de desempregados, abrir mão de empresas lucrativas, estratégicas e geradoras de vagas de trabalho está longe de ser uma medida democrática.
Ou seja, para atender interesses corporativos particulares, o governo Bolsonaro dá um tiro no pé dos brasileiros, limitando sua capacidade de fomentar diretamente a produção industrial e tecnológica, os serviços essenciais e por conseguinte a economia e a qualidade de vida do seu povo. Além das estatais, as pequenas e médias empresas, responsáveis hoje por mais da metade das vagas de trabalho no País, também foram abandonadas à própria sorte.
Em meio à pandemia, o alinhamento do governo Federal com setores improdutivos ou predatórios do capital, inclusive com relação ao meio ambiente, conduziu o Brasil de volta ao mapa da fome, num cenário de aumento da população de rua nas cidades e atrofia do auxílio emergencial. Ainda assim, nenhuma palavra do executivo Federal sobre o enfrentamento destas mazelas que atingem diretamente a população.
O silêncio cortante diante das mais de 520 mil mortes por COVID é uma prova disso. A inação frente aos aumentos sucessivos nos preços dos combustíveis; da energia elétrica; do gás de cozinha; dos alimentos e de tantos outros itens indispensáveis do nosso dia a dia, também são provas disso. O liberalismo de Guedes e Bolsonaro portanto, não tem nada de novo, sendo apenas a velha combinação de um Estado Mínimo na garantia de direitos mas protagonista da manutenção de privilégios.
Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)