A derrota de Donald Trump no último final de semana, quando buscava se reeleger presidente dos Estados Unidos, foi celebrada no mundo todo. Da Índia ao Havaí, da Jamaica à China, todos respiram aliviados, mas uma região em especial será particularmente impactada – a América Latina.
Brasil e Colômbia são alguns dos países que atualmente se posicionaram num eixo à direita, mas seus governos possivelmente perderão a referência da maior economia do mundo, que nos próximos 4 anos deverá adotar políticas internacionais menos ideologizadas.
Ainda que Joe Biden, o presidente eleito, não venha a promover grandes mudanças nas relações bilaterais com cada país do nosso continente logo após sua posse, a simples derrota do radicalismo de direita poderá ser suficiente para reestabelecer um certo equilíbrio na região. Questões relativas à imigração, ao embargo à Venezuela ou mesmo à preservação da Amazônia, deverão ter uma outra abordagem, mesmo que isso demore algum tempo para mostrar resultados.
O revés de Donald Trump também serve de alerta para seu discípulo brasileiro, Jair Bolsonaro, que pode amargar as consequências do fim do apoio do governo norte-americano já nas próximas eleições presidenciais, em 2022. Daqui pra lá, é possível que o presidente brasileiro reveja, mesmo que a contragosto, algumas de suas posturas políticas, à luz da queda de popularidade do extremismo de direita e considerando que ainda possui uma base consolidada por aqui.
A Argentina, o Chile, a Bolívia, México e é claro, Cuba e Venezuela, são apenas alguns dos países da região que adotaram políticas contrárias aos interesses imperialistas norte-americanos, alguns mais recentemente, outros nem tanto. Com isso a balança política da região pode voltar a se equilibrar, trazendo esperança para quem defende a democracia, os direitos humanos, o combate às desigualdades e a defesa das causas socioambientais, especialmente se Bolsonaro trilhar o mesmo caminho de seu ídolo ao norte.
Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)