Cadê os Yanomami? A pergunta que o Brasil está fazendo nos últimos dias foi repetida na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (4), pelo deputado Nilto Tatto (PT-SP). Ele também denunciou os crimes cometidos por garimpeiros na região da Amazônia. “Em busca de ouro, estão invadindo áreas de conservação e terras indígenas, não só degradando o meio ambiente, mas sequestrando, violentando e matando quem atravessa o seu caminho, com o beneplácito do próprio governo federal” acusou.
Nilto Tatto explicou que foi isso que aconteceu com uma comunidade Yanomami, no norte de Roraima, que desapareceu depois de denunciar os crimes dos quais foram vítimas. “E quais foram os crimes denunciados pelos Yanomami? Estupro, assassinato de uma criança de 12 anos, além do desaparecimento de um bebê atirado pelos criminosos no rio”, citou.
“E o que aconteceu com esses povos indígenas depois que eles denunciaram essas barbaridades?”, indagou Nilto Tatto, relatando que os garimpeiros voltaram e incendiaram todas as casas da comunidade. “Hoje, os indígenas que viviam naquela comunidade estão desaparecidos. E a pergunta que fica: onde estão os Yanomami?”. Repetiu.
De acordo com o deputado, os garimpeiros continuam, cada dia mais, invadindo as terras indígenas. “Uma comunidade inteira desapareceu, e o Estado, o governo Bolsonaro o que tem feito, além de convidar garimpeiros para viajar em avião da FAB?”, questionou.
Contrabando de ouro
Nilto Tatto informou que para combater o contrabando de ouro e garimpo, protocolou na Câmara o projeto de lei (PL 1477/21), que institui a documentação digital para comercialização de ouro. “Assim, é possível monitorar o comércio do ouro, identificar criminosos, combater o crime organizado que está tomando conta do País, com o beneplácito do governo Bolsonaro e convivência de muitos que estão envolvidos nessa cadeia da criminalidade, em especial do garimpo”, argumentou.
Para o deputado, é importante que a Câmara dê resposta a este governo “genocida”. “É necessário que esta Casa autorize que uma comissão de parlamentares vá, in loco, porque o desespero dos povos indígenas é muito grande, em especial dos Yanomami. V.Exas. não têm ideia do que significa uma comunidade inteira, um povo inteiro desaparecer por falta de atenção, de cuidado, de responsabilidade do governo, que tem, pela Constituição, a obrigação de cuidar dos povos indígenas, dos seus territórios”.
Denúncia
Na noite do dia 25 de abril passado, Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Condisi-YY, denunciou em rede social que uma menina de 12 anos foi estuprada e morta por garimpeiros, que exploram ilegalmente a região.
Terça-feira (26), pela manhã, o Condisi-YY envia ofícios pedindo investigação à Polícia Federal, Ministério Público Federal, Funai e Ministério da Saúde. MPF afirma ter cobrado apuração das autoridades competentes.
Durante as apurações, a comunidade indígena Aracaçá, na terra Yanomami, na qual a menina pertencia, foi encontrada queimada e não havia ninguém no local.
Vânia Rodrigues