Nilto Tatto critica ministro e denuncia desmonte no meio ambiente

Deputado Nilto Tatto. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) classificou de “circo” a condução adotada pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP) para blindar o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, durante audiência pública conjunta das comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, nesta terça-feira (24). O ministro foi convidado para apresentar o planejamento e as metas da pasta na sua gestão.

“Foi montado um circo para preservar o ministro. Querem levar o Brasil ‘real’ para COP e tentar construir uma narrativa de que esse agronegócio, que vem patrocinando o desmonte ambiental, conserva as florestas brasileiras, o que não vem sendo demonstrado pelos indicadores do próprio governo com o aumento de desmatamento e queimada”, denunciou Tatto.

A crítica de Nilto Tatto se dá em relação ao discurso feito pelo ministro, em que afirma que uma proposta ainda está sendo gestada para levar à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (Cop26) que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia. “Estamos desenhando um posicionamento claro. O desafio é mostrar o Brasil real”, observou.

Mesma política de Salles

Para o deputado, o ministro não apresentou nada na perspectiva da proteção ambiental. Tatto disse ainda que a explanação do novo ministro do MMA deixou claro que ele segue a mesma cartilha do seu antecessor. “Ficou demonstrado que o ministro Joaquim está no Ministério do Meio Ambiente para dar continuidade a mesma política de desmonte ambiental que vinha sendo tocada pelo ministro Ricardo Salles”, protestou.

Cerceamento

Segundo o deputado, a participação do ministro mostra claramente a “lástima” que foi a audiência e o alinhamento da Comissão do Meio Ambiente com o Governo Bolsonaro. De acordo com o deputado, Joaquim Leite mostrou que não tem política de conservação ambiental por parte do governo Bolsonaro, e pelo Ministério do Meio Ambiente.

“E na própria Comissão de Meio Ambiente ficou demonstrado que há toda uma política de cerceamento, inclusive, da fala dos deputados de Oposição, haja vista que somente dois deputados tiveram a oportunidade de falar. Não houve a oportunidade de outros parlamentares questionarem, numa tentativa de construir uma narrativa colocando a própria Comissão de Meio Ambiente subordinada aos interesses da política anti-ambiental do governo Bolsonaro”, reclamou.
Fundo Amazônia

Nilto Tatto questionou o ministro sobre parcerias relacionadas à conservação da biodiversidade. Segundo o deputado, o titular da pasta do MMA não explicou como irá contemplar no debate sobre crédito de carbono, os povos indígenas, os quilombolas, os extrativistas que, historicamente, conservam a biodiversidade, conservam a floresta.

“Como eu já disse, nós já tínhamos conquistado durante o governo do presidente Lula o Fundo da Amazônia que está interrompido, encerrado. O dinheiro está parado e aqueles projetos que vinham sendo desenvolvidos, apoiando a inclusão dessas comunidades não estão mais tendo sequência”, denunciou.

Ambiente de negócio

O deputado paulista observou que quando o ministro fala em criar “ambiente de negócio”, o que se percebe é que no governo Bolsonaro o ambiente de negócio que é citado e conduzido atualmente proporciona invasão garimpeira, desmatamento e, como consequência, se tem aumento do desmatamento, das queimadas e da violência no campo.

Benildes Rodrigues

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