Em um momento de escalada da violência e intensificação de conflitos bélicos, os caminhos para uma solução pacífica nas relações entre Israel e Palestina parecem distantes. A comunidade internacional assiste novamente a cenas de terror, numa guerra assimétrica que dura algumas dezenas de anos. Precisamos, antes de tudo, ser solidários a todas as vítimas, especialmente civis, que deveriam ter o direito de viver em paz, independente de origem, raça, credo, gênero, sexualidade ou classe social.
É importante que se diga que, rechaçar os ataques contra civis israelenses, não significa fechar os olhos para os crimes cometidos pelo Estado de Israel contra os palestinos ao longo da história. O que não podemos fazer, jamais, é condenar o povo palestino pelos ataques contra Israel, como também seria equivocado criminalizar a população israelense por crimes cometidos não por eles, mas pelo Estado de seu País.
Como escrevi acima, esta não é uma guerra simétrica e isso precisa estar claro se quisermos participar da busca por uma solução para o conflito que dura mais de meio século. Nesta disputa existe uma questão determinante, também presente em conflitos no mundo todo – a luta pelo direito à terra. Olhar para a relação entre Israel e a Palestina sob um prisma religioso, político, econômico ou estritamente militar, sem procurar entender o significado da luta pela terra, seria ignorar a essência da questão.
Assim como foi criado o Estado de Israel, a comunidade internacional precisa reconhecer o Estado Palestino, sob a ameaça dos povos que habitam esta região do Oriente Médio viverem em conflito, até que um deles desapareça. Sem um território inexistem condições de reprodução da cultura e da própria vida de um povo. Por isso a importância, por exemplo, da demarcação de terras indígenas e do reconhecimento de comunidades quilombolas no Brasil – povos e culturas dependem disso para sobreviver. O reconhecimento do direito ao território é o primeiro passo no caminho para encontrar a paz.
Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)