O auxílio emergencial, criado para garantir uma renda mínima as famílias vulneráveis durante a pandemia, terminou na sexta-feira passada, quando o grupo composto pelos aniversariantes de dezembro, realizou o saque ou recebeu a transferência da última parcela. O fim do benefício foi decretado três semanas depois do governo Federal encerrar o maior e mais eficiente programa de transferência de renda da história do País, o Bolsa Família.
Para quem não sabe, o Bolsa Família, criado em 2003, foi baseado em 3 eixos estruturantes: complemento de renda; acesso à direitos e articulação com outras ações a fim de estimular o desenvolvimento das famílias. A fórmula foi tão bem-sucedida, que chegou a tirar milhões de brasileiros e brasileiras da extrema pobreza, levando o programa a ser reconhecido e premiado internacionalmente.
Paradoxalmente, o governo Federal decidiu extinguir o Bolsa Família justamente quanto o Brasil vive sua fase mais crítica, castigado pela pandemia e pela maior crise social, política e econômica das últimas décadas. Partimos do pleno emprego, em 2014, para 14 milhões de desempregados em 2021, o maior índice da série histórica. Além disso, a informalidade também chegou ao maior patamar já registrado, representando 41% dos trabalhadores do País. A renda média diminuiu e a fome voltou a assolar milhões de brasileiros e brasileiras.
De olho nas eleições de 2022, ao invés de ampliar o Bolsa Família e prorrogar o Auxílio Emergencial, Bolsonaro optou por uma medida eleitoreira: acabou com os dois programas para implementar o Auxílio Brasil, cujo benefício é maior que o Bolsa Família, mas com duração de apenas 1 ano. Não precisa fazer muita conta pra entender que, se o programa acaba logo após o pleito do ano que vem, milhões de famílias serão abandonadas à própria sorte, além daquelas que já foram.
Isso porque o cadastro do Auxílio Brasil, conta com um número menor de inscritos do que o Bolsa Família; os critérios não são claros e os beneficiários parecem ter sido escolhidos à dedo. Parece que Bolsonaro está finalmente realizando seu desejo, de matar mais pessoas do que a ditadura.
Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)