As queimadas no Pantanal e na Amazônia atingiram um nível tão intenso que até as cidades do Centro-Oeste e do Sudeste brasileiros têm sido impactadas indiretamente pelos incêndios. A fumaça que já atingiu diversas regiões do País, se estende agora por mais de 4 mil quilômetros até o Peru, a Bolívia, o Paraguai a Argentina e o Uruguai.
Isso dá apenas uma dimensão da devastação. De 2019 para cá, as queimadas e o desmatamento no Brasil vêm batendo todos os recordes, mesmo durante a pandemia. Com o descaso do governo Bolsonaro, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal foram obrigados a se movimentar para combater a destruição da nossa sociobiodiversidade, provavelmente o maior patrimônio do povo brasileiro, não só para esta, mas para as futuras gerações.
Cada uma das casas legislativas criou uma Comissão Externa para Investigar as Queimadas nos Biomas Brasileiros, de onde deve ser extraído um relatório encaminhado ao poder executivo como forma de cobrar ações efetivas no combate aos incêndios. Como membro desta Comissão na Câmara, fiz parte de uma diligencia que foi ao Pantanal neste final de semana (19 e 20/09) conversar com moradores, comunidades, proprietários de fazendas, empresários, bombeiros, entidades, cientistas e o poder público local. Nós também verificamos in loco a gravidade dos incêndios.
O cenário e os depoimentos são desoladores. Após a diligência não restaram dúvidas de que a destruição da fauna e da flora brasileiras são projetos do governo Bolsonaro, e o Pantanal é uma das maiores vítimas. Além do fogo, ameaçam a região problemas como as monoculturas de soja e milho, que assoreiam os rios e contaminam a região com agrotóxicos; a construção de uma hidrovia e os diversos projetos de pequenas centrais elétricas no rio Paraguai, que vão atingir em cheio toda a vida na região, intensificando ainda mais o drama dos pantaneiros e de todos brasileiros.
Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)