O deputado Nilmário Miranda (PT-MG) comunicou, da Tribuna, que na semana passada, em 27 de novembro, a Comissão de Anistia concedeu ao “lendário” Milton de Freitas Carvalho, operário marceneiro e militante socialista antes, durante e depois da ditadura, a condição de anistiado político pós mortem.
“Tive a honra de ser o relator do processo na Comissão de Anistia, onde foi concedida a condição de anistiado político, e a presidente em exercício Sueli Bellato pediu desculpas pelo Estado brasileiro pelas perseguições iníquas que fez a ele e à sua família. E agradeceu a eles, à família notável, pela sua luta incansável por sua categoria, pelos trabalhadores e pelo seu país, com coragem”, contou. “Desse modo, o Brasil vai construindo-reconstruindo a verdade histórica”, disse.
Milton Freitas teve que abandonar a escola, como tantos, para começar a trabalhar aos 12 anos. “Mas, em 1943, pela primeira vez, pisou dentro de um sindicato. Ele participou da fundação da Organização Revolucionária Marxista Política Operária, em 1961. E, por diversas ocasiões, no sindicato, ou em outros espaços, ele defendeu as reformas de base daquele período, assim como acreditava profundamente na revolução cubana, e a defendia com unhas e dentes. Posteriormente, quando veio o Golpe de 1964, acabou o movimento sindical e destroçou com tudo o que havíamos construído.
“O sindicato que ele pertencia e dirigia, participava da direção, sofreu uma longa intervenção de 15 anos. É importante que essa história seja recontada, como um pequeno sindicato de trabalhadores que teve que ser mantido por 15 anos sob intervenção do governo autoritário para evitar que aqueles trabalhadores se manifestassem”.
Seus filhos narram que, por diversas vezes naquele período, sua casa era invadida por forças da repressão política e ele tinha também que sumir muitas vezes, quando começavam prisões e quedas, para não ser alcançado pelo braço da repressão, deixando a família desprotegida, e a solidariedade dos vizinhos era o que garantia que eles continuassem comendo.
“Portanto, há de se registrar, como o Brasil também está reconhecendo, esses heróis anônimos, que vieram diretamente do povo, como Milton Freitas de Carvalho, a quem rendo minhas homenagens”.
Equipe PT na Câmara
Foto: Gustavo Bezerra