Foto: Gustavo Bezerra
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira (9) que o BC manteve a inflação sob controle nos últimos anos e que o banco trabalha para fazer com que a inflação retorne “o mais rápido possível” para o centro da meta estabelecida pelo governo, 4,5% ao ano, até o final de 2016. “Não haverá complacência (com a inflação) por parte do Banco Central”, afirmou Tombini, em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento.
Alexandre Tombini informou que a inflação oficial, que ficou em 6,56% em doze meses até novembro deste ano – acima do centro da meta (4,5%) e bem próxima do teto estabelecido de 6,5% – deve retomar à trajetória de convergência para a meta central ao longo de 2015. “O horizonte de convergência com o qual trabalhamos se estende até o final de 2016”. Isso porque, segundo o BC, antes de retomar a sua trajetória de convergência para a meta em 2015, a inflação acumulada em doze meses tende a permanecer elevada por causa do realinhamento dos preços domésticos em relação aos preços internacionais (alta do dólar) e ao realinhamento dos preços como energia e combustível.
“Estou convicto, no entanto, de que, após um curto prazo de elevação, a inflação em doze meses iniciará um longo período de declínio, que vai culminar com o atingimento da meta de 4,5% ao ano”, afirmou Tombini.
Os deputados Devanir Ribeiro (PT-SP), presidente da Comissão de Orçamento, e Amauri Teixeira (PT-BA), elogiaram a posição firme do Banco Central no controle da inflação. Na avaliação dos petistas, isso foi fundamental para que o Governo Dilma pudesse dar continuidade a uma política econômica que priorizou a geração de emprego, a distribuição de renda, os investimentos e os programas sociais.
Superávit primário – O presidente do BC explicou ainda que o fortalecimento da política fiscal, com o aumento da meta de superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) para 1,2% do PIB em 2015 – o equivalente a R$ 66,3 bilhões – e para 2% do PIB em 2016 e 2017, ajudará na convergência da inflação para a meta de 4,5%. “Atuando de forma independente, mas complementar, a política fiscal e a política monetária, em ambiente de estabilidade e solidez do sistema financeiro, serão cruciais para a retomada da confiança de empresários e investidores”, frisou.
Taxa de juros – Alexandre Tombini citou que a taxa de juros subiu em 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano em outubro, e que houve nova alta – de 0,50 ponto percentual em dezembro para 11,75% ao ano. “O objetivo destas elevações é viabilizar um cenário de inflação mais benigno em 2015 e 2016”. Ele disse ainda que a taxa deverá continuar subindo no futuro, mas que isso poderá acontecer de forma menos intensa.
Dólar – O dólar pode continuar se valorizando em 2015 o que, segundo Alexandre Tombini, ajudará as exportações. “O cenário de maior crescimento global, combinado com a depreciação do real (alta do dólar) deverá impulsionar as exportações do País”. Para o presidente do BC, o dólar mais alto barateia as exportações e torna as compras feitas no exterior mais caras, assim como as viagens de brasileiros para outros países.
Alexandre Tomibni informou ainda que o programa de oferta de swaps cambiais pela autoridade monetária (venda de dólares no mercado futuro com objetivo de conter aumentos excessivos da moeda norte-americana), “atingiu plenamente seus objetivos”. Ele destacou que o estoque atual destes contratos somam o equivalente a US$ 100 bilhões. “O que corresponde a menos de 30% das reservas internacionais”.
Macroeconomia – Alexandre Tombini, que permanecerá na equipe econômica no segundo Governo Dilma, apresentou um cenário macroeconômico do País com estatísticas que confirmam a taxa de desemprego na mínima histórica (4,7% em outubro passado); com massa real de salário em patamar sustentável; com declínio do endividamento das famílias; desaceleração do crédito e inadimplência; depreciação da taxa de câmbio nominal e real; recuperação da indústria, com crescimento moderado dos serviços; com safra recorde de grãos neste ano; com interrupção da recessão técnica; e com tendência de crescimento das exportações.
Vânia Rodriques