A deputada Moema Gramacho (PT-BA) criticou em pronunciamento no plenário as articulações do peemedebista Michel Temer em apoio à tentativa de golpe. De acordo com ela, trata-se de “uma história de traidores”. No discurso, a parlamentar também acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de tentar impor uma manobra regimental para se proteger no Conselho de Ética, que julga o seu pedido de cassação.
Usando expressão histórica de um episódio de traição na Roma antiga, Moema questionou se o vice-presidente tem mesmo interesse no golpe. “Até tu, Brutus? E ainda vem com o discurso de que quer unificar o País? A história de traidores no mundo não é de unificação. A história de traidores no mundo é de ódio; a história de traidores no mundo é de quem promove as guerras, principalmente as guerras sangrentas; a história de traidores no mundo é aquela de golpe, como esse que Temer quer dar no nosso País contra a presidenta Dilma”, atacou Moema.
A deputada questionou que tipo de postura o vice-presidente poderá ter no futuro. “Temer, você vai ter coragem de olhar nos olhos dos seus filhos depois desse golpe que está tramando contra a presidenta Dilma, contra o País, contra a democracia? Será, Temer, que você vai ter coragem de fazer isso e continuar olhando de cabeça erguida para os seus filhos e para os filhos do povo brasileiro?”, perguntou a parlamentar baiana.
Moema Gramacho reiterou que não há fundamento para um processo de impeachment contra a presidenta Dilma. “Nada a temer, nada para Temer. Fica Dilma, porque não há motivo algum para o impeachment. Não existe crime de responsabilidade, e todos desta Casa sabem disso. Não existe nenhum fundamento para o impeachment, e a própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declarou isso quando deu entrada a um segundo pedido de impeachment. Quando a OAB admite um segundo pedido é porque já sabe que esse primeiro não vai vingar. Não há fundamento. Aí vem e dá entrada a outro pedido de impeachment”, explicou.
A respeito do novo projeto de resolução proposto por Cunha para alterar a composição das comissões permanentes da Câmara, a deputada afirmou que o seu objetivo é diminuir as chances de cassação do seu mandato. “Eduardo Cunha tenta, por meio de um projeto de resolução, modificar a correlação de forças do Conselho de Ética da Casa para ganhar votos a seu favor e ter uma pena branda, apesar dos mais de 5 milhões que o próprio Júlio Camargo disse que ele [Cunha] desembolsou dos contratos com os navios-sonda e das propinas que ele obteve da Petrobras”, mencionou Moema.
A deputada também expôs o cenário que está sendo montado para facilitar ainda mais a vida de Cunha. “O presidente desta Casa, que nem deveria mais estar na presidência, é outro que tem todo o interesse no impeachment de Dilma. E ele vai dar outro golpe. Eduardo Cunha, interessado no impeachment de Dilma, para abafar a Lava-Jato, renuncia à presidência como um grande articulador político para se livrar da cassação”, denunciou Moema.
OAB – A deputada Moema Gramacho também denunciou que a Globo, a exemplo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), é mais uma interessada no impeachment da presidenta Dilma. “Há um texto que afirma que anotação em documento liga herdeira da Globo diretamente a três empresas offshore, uma delas a Vaincre, dona da mansão de Paraty. O nome de Paula, uma das netas preferidas do patriarca da família Roberto Marinho, aparece ao lado de três pagamentos feitos a Mossack & Fonseca, empresa panamenha especializada em criar empresas laranja. É um laranjal completo! A Globo, é óbvio, tem todo o interesse no impeachment de Dilma”, destacou.
“Mas vai chegar 2018 e eles não vão conseguir. Nem Temer, nem Cunha, nem OAB, nem Moro, nem Rede Globo vão trazer de volta 1964. Nenhum deles vai trazer de volta 1964! Nós sabemos o resultado de 20 anos de ditadura para o Brasil”, alertou Moema.
Gizele Benitz
Foto: Salu Parente