Por iniciativa do deputado João Paulo Lima (PT-PE), a Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara realizou audiência pública, nesta quarta-feira (25), para discutir a qualidade do transporte público nas capitais brasileiras.
Os expositores convidados se disseram satisfeitos com a retomada dos investimentos federais para a mobilidade urbana e citaram as manifestações de junho como um fato importante para colocar esse tema no centro da agenda de debates da sociedade.
O deputado João Paulo também se referiu positivamente em relação às “jornadas” de junho e julho. “Foi necessário o povo ir para a rua para aguçar a sensibilidade quanto a esse tema. O momento político das ruas está colocando no canto os poderes e até os empresários, para que sejam encontradas as saídas”, disse o petista.
Nesse contexto, Marcos Bicálio, representante da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), defendeu a participação da sociedade no processo de discussão e decisão quanto às diretrizes para o transporte público. “A sociedade brasileira deve ser ouvida e deve participar das decisões. Assim, acredito que poderemos dar um salto de qualidade na mobilidade urbana no Brasil”, sugeriu Bicálio.
O Pacto pela Mobilidade, aprovado no Congresso e sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, foi citado por João Paulo Lima como um divisor de águas dessa questão no Brasil. Apesar dos avanços recentes, o parlamentar pernambucano criticou o custo e a qualidade do transporte público brasileiro. “Nós temos nas grandes cidades uma verdadeira tortura na questão do transporte coletivo. Além disso, o custo é elevadíssimo e a prova disso é que 33% da população faz deslocamentos a pé porque não pode pagar a tarifa”, afirmou João Paulo.
“Sem falar no impacto sobre a produtividade nacional do trabalhador, que chega ao local de serviço com um nível de estresse muito grande”, complementou o deputado.
Fabiano Sobreira, arquiteto e urbanista, defendeu o modelo de integração entre os diversos tipos de opções de transporte público como a solução mais eficaz. “Não existe o modo ideal, existe a conexão dos diversos modos. É preciso conectar o ônibus ao metrô, o metrô à bicicleta e nesse diálogo entre os modos, o foco deve ser a qualidade e a sustentabilidade”, explicou Sobreira.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Gustavo Bezerra