FOTO: EDSON SANTOS/CD
José Mentor
Ver na televisão, ouvir no rádio ou ler nos jornais, revistas e agências, ações de violência contra pessoas inocentes, acusadas não se sabe por quem ou por que; talvez por incomodarem ou se assemelharem a suspeitos de terem cometido algum delito; ou porque deixaram de “amar” ou “serem amadas” pelos/as parceiros/as; são situações, dentre inúmeras, que parecem ter se tornado comuns na sociedade.
Ver, ouvir ou ler a respeito da violência no trânsito, em razão das diferenças socioeconômicas, de conflitos religiosos, étnico-raciais ou pela orientação sexual de um semelhante, vêm se naturalizando no noticiário diariamente, como se vivêssemos na barbárie.
Dessa forma, não basta somente a ação do Poder Público para mudar esse estado de coisas. É essencial que a sociedade se mostre indignada.
A discussão precisa ser feita com seriedade. Afinal, as causas são diversas. Há estudiosos que atribuem a origem da violência à degradação da família, à falta de perspectivas no futuro, às instabilidades socioeconômicas, ao despreparo, à baixa qualidade da educação, aos exemplos dos adultos e por aí seguem. Outros creditam a escalada da violência à propaganda de armas de brinquedo, desenhos animados, aos filmes, videogames… Sem contar a violência imposta pelo crime organizado.
Mas, concretamente, cada um de nós pode (e deve) dar sua contribuição para diminuir a publicização e banalização da violência na sociedade brasileira. Seja em casa, no trânsito, no ambiente de trabalho, enfim, em todo e qualquer lugar é possível contribuir. Na televisão também! Não é censurando, mas buscando critérios mais definidos e educativos. Afinal, uma concessão pública, como é a tevê, deve respeitar minimamente a qualidade do conteúdo veiculado a milhões de pessoas.
Ao apresentarmos o projeto de lei nº 5.534/2009, que propõe proibir a transmissão de lutas de MMA (Artes Marciais Mistas, em inglês) na tevê brasileira, nosso objetivo é o de coibir a naturalização de ações violentas e brutais na televisão. Evitar que a violência real seja mostrada como cena de um filme, onde o sangue que escorre pelo rosto é tinta e uma perna ou outro membro quebrado não passe de truque de montagem.
É claro que a exibição das lutas de MMA não é a única responsável pela propagação da violência nas telas, mas, devido ao seu grande alcance, sua veiculação exerce forte influência sobre o comportamento de telespectadores, principalmente do público infantojuvenil.
Por isso, repudiamos qualquer forma de propaganda com conteúdo de violência e brutalidade, seja ela praticada nas ruas ou nos octógonos, por despertarem os piores instintos no ser humano.
José Mentor é deputado federal (PT-SP) e autor do PL nº 5.534/2009, que trata da transmissão do MMA na TV.
Assessoria Parlamentar